Dissertações defendidas

DEFESAS DO MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS A PARTIR DO ANO DE 2013

Ingressantes em 2013

O ensino do artigo de opinião: das teorias às atividades didáticas dos apostilados da rede pública paulista

Resumo: Esta dissertação trata de questões voltadas ao ensino do gênero artigo de opinião no 9º ano do Ensino Fundamental e tem por propostas conhecer e explicitar de que modo os alunos são orientados quanto à aprendizagem desse gênero e quais resultados se observam quanto aos textos produzidos por esses estudantes. Para tal fim, procedemos à análise do Currículo Oficial de Língua Portuguesa, adotado nas escolas da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo, além de descrevermos e analisarmos as atividades propostas para a aprendizagem do artigo de opinião contidas no Caderno do Aluno. Nos textos produzidos pelos alunos, examinamos a estrutura do artigo de opinião e o uso estratégico da língua portuguesa em termos de persuasão. A base teórica que fundamentou nossa investigação está pautada na definição de texto e gênero do discurso de Bakhtin (2011[1959-61]), que concebe a linguagem como um conjunto de práticas sociointeracionais, realizadas por sujeitos históricos e reconhece os gêneros como elementos fundamentais para a comunicação humana. Quanto às estratégias de ensino de produção textual recorremos a Koch (2012; 2013; 2014). No que tange à Argumentação, conceitos e procedimentos que necessitam ser mobilizados na produção de textos argumentativos, recorremos aos pressupostos da Nova Retórica, elaborados por Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005[1958]) e, também aos estudos de Amossy (2011), Aquino (1997) e Koch (2011) referentes ao trabalho com estratégias argumentativas e critérios para a análise de textos argumentativos. Como resultado, observamos um distanciamento entre o que está prescrito no Currículo de Língua Portuguesa e as atividades propostas aos alunos para a aprendizagem do artigo de opinião. Verificamos, ainda, que as Situações de Aprendizagem analisadas não contribuem para uma aprendizagem significativa desse gênero discursivo, uma vez que os encaminhamentos propostos para o ensino da produção textual não possibilitam que os alunos vivenciem a escrita argumentativa como prática social significativa. Quanto à análise das produções textuais dos alunos, constatamos que, embora sejam capazes de assumir um posicionamento claro a respeito da polêmica apresentada, os estudantes apresentam dificuldades tanto na estruturação do artigo de opinião, quanto no emprego dos fatores linguísticos e discursivos que contribuem para a construção da coerência textual.

Autoria: Sílvia Mamede de Carvalho

Orientadora: Profª. Drª. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

A formação do leitor literário do ensino fundamental II: reflexões sobre uma proposta

Resumo: Esta dissertação tem como objetivo contextualizar, esquematizar e refletir sobre os resultados alcançados durante a Proposta Anual de Formação Literária (PAFL). Trabalho desenvolvido para o programa de pós-graduação de mestrado profissional PROFLETRAS e aplicado na Escola Estadual Profa. Zilah Ferreira Passarelli de Campos, de São José dos Campos/SP, a alunos do 9º ano do ensino fundamental II. O foco do trabalho desenvolvido foi proporcionar aos alunos de 9º ano, além do contato com um cânone literário de transição entre os estágios da formação do leitor, a promoção de projetos de leitura e atividades, dentro ou fora da sala de aula, que contribuíssem para a formação literária efetiva, utilizando-se tanto de produção literária indicada ao público juvenil, como produções destinadas ao leitor adulto, mas que adaptadas ou não possuíssem afinidades com o leitor em formação, a fim de proporcionar desenvolvimento do leitor literário ao final do ensino fundamental. Portanto, busca-se no relato da proposta realizada, descrever a realidade do ensino da literatura em uma escola pública; delinear os aspectos profissionais; sistematizar as práticas realizadas; promover a exposição pormenorizada das obras escolhidas, dos projetos literários aplicados e das atividades realizadas; apresentando os dados e os resultados obtidos pelos alunos participantes da PAFL.

Autoria: Vania Neves Valva

Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho

Leituras de África e a formação do leitor literário

Resumo: Este trabalho pretende discutir a importância da Literatura Juvenil Africana para o processo de formação do leitor literário, tendo em vista a prioridade dada pela educação brasileira à diversidade histórica e cultural que a constitui. A pesquisa, cujos objetivos são apresentar algumas reflexões acerca do ensino de leitura literária e contribuir para a aplicação da Lei 10.639/03, possui caráter empírico. Foram selecionadas duas obras Ynari- a menina das cinco tranças e Uma escuridão bonita, ambas do escritor angolano Ondjaki a fim de desenvolver um projeto de leitura com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II, numa escola do município de São Paulo. Essa seleção baseou-se na importância dada ao negro e na valorização de alguns dos aspectos centrais da cultura africana o respeito pelo mais velho, o poder da palavra e importância da tradição oral. A leitura dessas obras buscou ressignificar o olhar das crianças e adolescentes sobre a história e cultura africana, marcadas pelo preconceito e estigmas seculares no Brasil. As reflexões histórico-teóricas sobre a formação do leitor literário pretendem contribuir com a metodologia adotada e oferecer para os docentes um material mais completo. Este trabalho está fundamentado numa perspectiva comparatista, pois estabelece relações entre Literatura Infantil/Juvenil e Sociedade.

Autoria: Silvana Aparecida da Silva

Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho

Da prescrição do apostilado do Estado de São Paulo à produção de notícia: múltiplos caminhos

Resumo: Nesta dissertação, o objetivo é investigar as propostas de ensino do gênero notícia no Material de Apoio ao Currículo do Estado de São Paulo, especificamente o Caderno do aluno, de Língua Portuguesa, do 7º ano do Ensino fundamental. Tendo em vista os procedimentos didáticos prescritos no apostilado que apresentam propostas de redações, analisamos um conjunto de cinquenta textos dos alunos que responderam a proposta de escrita de uma notícia sobre o tema: Clonagem de animais. Para atender aos propósitos deste estudo, primeiramente, elaboramos um breve histórico do surgimento dos apostilados até chegar à criação desses materiais pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Descrevemos e analisamos os encaminhamentos dado ao ensino da notícia nas Situações de aprendizagem do manual. Em seguida, tratamos das produções dos alunos, e para isso examinamos a construção dos textos observando os procedimentos linguístico-discursivos recorrentes da remissão de discursos alheios, o uso de duas estratégias, como a paráfrase e a alusão. O aporte teórico no qual nos baseamos, é oriundo das contribuições dos estudos do letramento, segundo TFOUNI, (1988, 2005); SOARES, (2002, 2004); KLEIMAN, (1995); ROJO, (2001, 2009, 2012); STREET, (2014). Esses autores concebem os usos e funções sociais da leitura e da escrita. Elencamos, também, conceitos de notícia. Assim, para o entendimento da organização e composição desse gênero no contexto escolar, convocamos PEIXOTO, (2001); ZANCHETTA, (2004); FARIA e ZANCHETTA JR, (2007). Em se tratando das estratégias de reformulação, empregamos as definições de paráfrase de FUCHS (1985); HILGERT, (2002, 2010); MESERANI, (2008), e a conceituação de alusão de CAVALCANTE, (2013). Os resultados obtidos indicam que o apostilado aplicado isoladamente é insuficiente para que os alunos componham textos do gênero determinado. Isso ocorre devido a lacunas no material, que aborda a produção de notícias como modelo a ser seguido, baseado em estruturas, desconsiderando aspectos e etapas, relativos à construção do texto, as condições de produção que envolvem as esferas de produção, circulação e recepção. No que diz respeito à análise dos textos dos discentes, constatamos que eles se situaram frente às exigências do apostilado. No entanto, só conseguiram estruturar seus textos por meio da utilização de recursos oriundos da coletânea levada pela professora-pesquisadora. Na busca pelo estabelecimento de diálogos com a proposta de notícia do manual e com a coletânea de textos, os alunos recorreram aos procedimentos da alusão e da paráfrase. Esses modos de apreensão e referência ao discurso alheio revelam diferentes caminhos interpretativos e a apropriação da palavra do outro. Nas redações, encontramos diferentes posicionamentos dos alunos, em alguns casos, colocaram-se como escritores e, em outros, como reprodutores do padrão de escrita fornecido pelo apostilado.

Autoria: Debora Mariana Ribeiro

Orientadora: Profª. Drª. Maria Inês Batista Campos

Estratégias de leitura no ensino de língua portuguesa: a observação das escolhas lexicais e seu efeito de sentido nos contos de Lygia Fagundes Telles

Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo elaborar uma proposta de ensino de língua portuguesa que vise direcionar alunos do 9° ano do Ensino Fundamental II a aplicar estratégias de leitura tendo como foco o texto literário, mais especificamente a estratégia de observar as escolhas lexicais realizadas por um escritor, para que possam fazer uso dessas observações na interpretação textual. Para isso, partimos da análise das escolhas lexicais de Lygia Fagundes Telles, observando o papel dos recursos expressivos encontrados em três contos da autora: Natal na Barca, Verde Lagarto Amarelo e A caçada. Procurou-se dar ênfase ao papel das palavras que exercem função caracterizadora na construção de elementos descritivos nos contos literários estudados. Com base na análise estabelecida, apontam-se direcionamentos para a prática pedagógica, que visem repensar o ensino da língua presente nos currículos escolares atualmente, buscando-se observar estratégias do ensino da leitura que refletem sobre questões linguísticas, discursivas e estéticas do texto. Na análise dos contos, procurou-se mostrar como a construção da caracterização do ambiente e das personagens por meio das escolhas lexicais ajuda a criar a atmosfera do texto, imprimindo uma imagem que se agrega à produção de efeitos de sentido, assim como a averiguar como os elementos expressivos no texto podem colaborar com seu entendimento, possibilitando leitura crítica e apreciação estética. Para se atingir o objetivo proposto, esta pesquisa se baseou na Morfologia, na Lexicologia, na Estilística e na Semântica, tanto para a análise do corpus quanto para a elaboração da sequência didática. Após a aplicação da sequência didática em sala de aula, verificou-se que os estudantes têm dificuldade em sistematizar conceitos gramaticais e utilizá-los na análise textual. Pôde-se observar, ainda, que quando existe uma estratégia clara e delineada para o aluno, este pode ser conduzido a compreender um texto com mais autonomia.

Autoria: Ticiana Losano

Orientadora: Profª. Drª. Elis de Almeida Cardoso Caretta

Crônicas na sala de aula: práticas de leitura e (re)conhecimento de mundo

Resumo: Esta dissertação tem como objetivo evidenciar as práticas de leitura na sala de aula, no dia a dia da escola, procurando maneiras diferentes de aproximar os alunos da leitura literária. A escolha de se trabalhar com o gênero crônica surgiu da hipótese de que ele facilita o processo do ensino-aprendizagem em Língua Portuguesa. Por meio dele, os alunos podem assumir-se como produtores do conhecimento e passam a ser sujeitos desse processo. Na sequência, o trabalho traz ainda dois outros gêneros textuais: a entrevista e o vídeo documentário que puderam ser desenvolvidos com base na leitura de crônicas na sala de aula. O tratamento metodológico construiu-se à medida que as situações reais de sala de aula e os questionamentos dos alunos foram surgindo e questões foram se impondo. A partir desse fato a fundamentação teórica se justifica pela necessidade real da investigação dos textos. Este trabalho se propõe ainda a desenvolver atividades que promovam a produção de sentido com base nas práticas de leituras, com os alunos de uma turma de 7º ano, de uma escola da rede pública do Estado de São Paulo.

Autoria: Roseli Luz Correia

Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho

Literaturas africanas e afro-brasileira no Ensino Fundamental II

Resumo: A pesquisa aqui apresentada tem por objetivo analisar, junto a professores e professoras do Ensino Fundamental II (EF II) da rede pública do estado e da prefeitura de São Paulo, a presença de literaturas africanas e afro-brasileira em sala de aula. Esse propósito se articula com a Lei 10.639/2003, cuja premissa básica é o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira em todos os níveis educacionais no Brasil. A noção impetrada pela referida Lei deve nortear as propostas educacionais desde o nível básico até o ensino superior, sendo incluída na formulação dos projetos pedagógicos das escolas e nas próprias aulas. Nesse sentido, inicia-se a pesquisa por uma abordagem teórico-pedagógica ligada ao impacto de tal Lei na educação. Segue-se a isso a consideração da situação do negro no Brasil, observada desde os desdobramentos que o regime escravocrata exerceu em terras brasileiras, até as consequências desse período histórico para as populações afro-brasileiras no pós-abolicionismo, culminando com o alargamento progressivo dos direitos conquistados pela população afrodescendente. Segue-se, então, um breve estudo da Lei citada, das obrigações dela decorrentes, bem como de políticas afirmativas. Apresentam-se, posteriormente, reflexões sobre a abordagem da leitura literária em ambiente escolar. Por fim, tem-se uma pesquisa de campo qualitativa, realizada através da aplicação de questionários direcionados a professores/as de língua portuguesa, e da realização de uma roda de conversa entre docentes, a fim de se constatar em que medida suas práticas de ensino contemplam o tema da Lei no âmbito literário. Após as ações práticas, realiza-se a apuração dos resultados obtidos, a partir da discussão da perspectiva da Lei 10.639/2003 e de como têm sido conduzidas suas implicações para a educação pública. O objetivo precípuo desse método de trabalho é observar de que maneira a educação para as relações étnico-raciais tem se consolidado no ensino paulista, e qual o atual estágio de sua efetivação em algumas escolas da rede pública de São Paulo.

Autoria: André de Godoy Bueno

Orientadora: Profª. Drª. Vima Lia de Rossi Martin

Objetos de aprendizagem no ensino de língua materna: novos gestos de leitura

Resumo: O mundo passa por constantes transformações e a educação deve acompanhar esta demanda, já que as mudanças refletem direta e indiretamente na maneira de as pessoas agirem e, consequentemente, na forma de aprenderem. Desse modo, é possível dizer que a tecnologia vem afetando a aprendizagem da língua materna. Por esse motivo, apresentamos uma pesquisa que acredita que as práticas de leitura na sala de aula precisam ser revisadas e adaptadas para um novo público, que é, em decorrência da tecnologia, muito dinâmico. A partir de um diagnóstico que considera esses aspectos, este trabalho tem por objetivo analisar e discutir uma nova forma de inserir a leitura de texto literário no contexto educacional atual por meio dos objetos de aprendizagem. Assim, a pesquisa averigua de que modo os objetos de aprendizagens podem significar e ressignificar a compreensão do texto literário no momento pós-leitura. Para tanto, observamos por meio de uma pesquisa qualitativa, com ênfase no estudo de caso, as estratégias utilizadas pelos estudantes para compreender um texto multimodal e, ainda, observamos o impacto dessa leitura no processo de construção de sentido. O levantamento de dados aconteceu com a aplicação de uma Sequência Didática aos alunos do 9º B da EMEF Padre Domingos Zatti, escola municipal localizada na cidade de Campinas. A partir da realização das atividades, por meio de critérios descritos ao longo deste trabalho, são escolhidos três alunos para o estudo de caso. Nesse procedimento metodológico, os estudantes passam por entrevista durante a leitura de O Corvo texto de Edgar Allan Poe inicialmente por meio do suporte físico papel e, em seguida, por meio do suporte físico digital, tela do computador, com utilização de um objeto de aprendizagem. Após as leituras, também respondem a algumas questões propostas pela pesquisadora. Todas as respostas geram dados que são transcritos e analisados. A partir desse material, observamos que o uso dos objetos educacionais em aulas de leitura pode estimular os alunos a uma prática leitora com níveis de compreensão mais produtivo, já que o texto multimodal pressupõe o uso de mais de uma modalidade, facilitando a construção de sentido. No entanto, os resultados nos mostram que a leitura de um texto multimodal por meio da tecnologia só pode otimizar o processo de compreensão se estiver atrelado a um método pedagógico eficaz, que considera a prática situada, ou seja, o aluno e a sua cultura. Assim, é possível concluir que a prática docente com utilização da tecnologia não é melhor do que a prática sem o uso de aparatos tecnológicos da atualidade, apenas diferente. E, por isso, requer uma postura docente diferente, pois os estudantes têm novos gestos de leitura a partir de um texto multimodal.

Autoria: Esther Ribeiro Lino Favero de Souza

Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena da Nóbrega

Léxico e denúncia social: uma abordagem do conto Negrinha em aulas de língua portuguesa

Resumo: Considerando a formação do leitor proficiente em aulas de língua portuguesa, com o presente trabalho se propôs a elaborar uma sequência de atividades e aplicá-la em uma turma de 9º ano, do Ensino Fundamental II, em uma escola de rede pública estadual de ensino. Em seguida foi feita uma análise, com o intuito de demonstrar como a escolha lexical transmite a ideologia do autor do texto, assumindo, muitas vezes, um caráter de crítica e denúncia social. Para isso, foi utilizado o conto Negrinha, de Monteiro Lobato, como base do estudo em sala de aula. As práticas de leitura e análise desenvolvidas procuraram esclarecer como algumas palavras e expressões diferenciam as personagens e seus comportamentos, caracterizando-as como dominante e dominada, inseridas num contexto histórico-social. Nesse sentido, buscou-se evidenciar como o autor Monteiro Lobato valeu-se da escolha lexical para demonstrar a permanência da ideologia do regime escravocrata no conto Negrinha, mesmo depois da abolição. Como resultado, pode-se constatar que a compreensão dessas escolhas levam o discente ao desenvolvimento de suas habilidades leitoras e escritoras de maneira crítica e reflexiva, preparando-o para outras leituras, além do contexto escolar.

Autoria: Isabel Endres Gomes

Orientadora: Profª. Drª. Elis de Almeida Cardoso Caretta

Estudo do diminutivo em -inho/zinho no livro didático do projeto teláris de língua portuguesa do Ensino Fundamental II

Resumo: Esta pesquisa investiga como o livro didático de Língua Portuguesa do Projeto Teláris, destinado ao Ensino Fundamental II, do 6º ao 9º ano, escolhido pelas professoras de Língua Portuguesa da Unidade Municipal de Ensino Mario de Oliveira Moreira, no PNLD, de 2012, aborda o uso do diminutivo no volume do 6° ano do Ensino Fundamental. Foram verificadas questões referentes a como ocorre a contextualização das atividades, a importância que se dá à norma gramatical ou ao uso e o papel do texto nas propostas de atividades voltadas ao léxico e à língua. A partir disso, foi elaborada e aplicada uma sequência de atividades que promovesse o estudo e a reflexão sobre o tópico, assim, visando ao ensino dos usos que possibilitassem ao aluno ampliar seu repertório de possibilidades expressivas e estilísticas desse elemento linguístico. Pretende-se, com isso, apresentar propostas de trabalho com o livro didático, voltado aos estudos sobre a língua, que proporcionem ao professor a conquista de uma prática mais autônoma, sem desprezar o livro didático, que poderá lhe servir como aliado se usado de forma crítica, e sem permitir que este descaracterize o seu papel docente, tão fundamental no processo pedagógico.

Autoria: Elizabeth da Silva Macena

Orientadora: Profª. Drª. Valéria Gil Condé

Argumentação e cidadania no artigo de opinião em sala de aula

Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo investigar as atividades do professor com gêneros argumentativos em sala de aula e analisar em que medida a preparação dessas atividades contribuem com a escrita do gênero artigo de opinião por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do Estado de São Paulo. Seguindo os preceitos dos PCNs e do Currículo do Estado de São Paulo, adotou-se a língua como objeto de estudo da disciplina de Língua Portuguesa, assim como as concepções de gêneros discursivos apoiadas em Bakthin (2003), Marcuschi (2008) e Rojo (2000). Em relação à organização do trabalho pedagógico, apoiados nas orientações de Schneuwly e Dolz (2004) planejou-se uma sequência didática para a produção de artigo de opinião. Tomou-se como produção inicial e produção final as avaliações externas aplicadas, respectivamente, no primeiro e segundo semestre, as AAP (Avaliação de Aprendizagem em processo). As atividades dos materiais didático-pedagógicos utilizados foram selecionadas procurando atender a reflexão sobre as características do gênero formuladas por Rodrigues (2000) Brakling (2000) e outros autores pesquisados. Quanto às estratégias de ensino de produção textual escrita, recorremos a Antunes (2003) e Geraldi (1991), evidenciando as etapas de planejamento e preparo para a produção escrita. A análise das produções, dentro de uma perspectiva enunciativa e interacionista da língua, procurou evidenciar os recursos linguísticos-discursivo empregados pelos alunos para a construção da argumentação. Para melhor compreender o uso desses recursos argumentativos recorreu-se à Retórica de Aristóteles associando-se aos estudos da Nova Retórica de PERELMAN & OLBRECHTS-TYTECA (1996). Os resultados da pesquisa demonstram que há uma relação direta entre as escolhas teóricas para a organização do trabalho pedagógico e a melhora da qualidade de escrita dos alunos. Confirmou-se também a hipótese da relevância do ensino dos gêneros argumentativos, pois os alunos-autores demonstraram um posicionamento crítico em relação aos temas abordados nas produções textuais. Houve ganhos quanto à organização e produtividade textual, efeito das atividades de leitura e alimentação temática, mas por outro lado, as fragilidades das atividades específicas para a construção do gênero, aliados aos problemas relativos às propostas sugeridas apontam para uma reorientação do trabalho com o gênero artigo de opinião.

Autoria: Maria de Fatima Rodrigues da Silva Paulino

Orientadora: Profª. Drª. Sheila Vieira de Camargo Grillo

Literatura Afrobrasileira e Identidade: proposta de Sequência Didática para o Ensino Fundamental II

Resumo: Este projeto de pesquisa tem como objetivos estimular, com base na Lei nº 10.639/2003, o interesse pela Literatura Afrobrasileira como ferramenta contra as diferenças étnico-raciais, as práticas de racismo e a segregação no ambiente escolar; motivar os alunos, em especial os afrodescendentes, a valorizarem a cultura brasileira de matriz africana; fomentar a prática cotidiana da leitura literária, do debate e do diálogo para formar leitores críticos, capazes de (re)escrever sua própria história. A ação metodológica da pesquisa desenvolve-se mediante três etapas. A primeira é a analise de um questionário destinado aos professores relacionado aos temas étnico-raciais. A segunda verifica qual é a percepção que os alunos têm de si mesmos diante do outro no espaço escolar. A terceira propõe, aos discentes do Ensino Fundamental II, um conjunto de atividades organizadas através de uma Sequência Didática que lhes possibilite o resgate de sua ascendência e autoestima enquanto estudantes afrobrasileiros. O ponto de partida para a SD é a leitura do livro Pretinha, eu? (2008), de Júlio Emílio Braz, pois rompe com a folclorização e com as imagens estereotipadas que desqualificam os negros, permitindo que os jovens afrodescendentes protagonizem suas próprias histórias, ao verem suas imagens e vozes refletidas nas falas e nas ações das protagonistas negras do romance. Os demais alunos, por outro lado, aprendem a ter um olhar menos preconceituoso e excludente no tocante ao biotipo negro. Ao final, reiteramos a necessidade de incentivar a prática da leitura literária, do debate e do diálogo para estimular leitores críticos e capazes de (re)escrever e protagonizar suas próprias histórias identitárias despidas de preconceito e de estereótipos.

Autoria: Anilda de Fátima Piva dos Santos

Orientador: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio

 

Ingressantes em 2014

Escritas da memória: autoria e identidade cultural

Resumo: O maior problema do professor na Educação de Jovens e Adultos é lidar com a multiplicidade de saberes e de modos de apreensão da realidade: os alunos chegam à escola com níveis variados de letramento e com um saber forjado por outros sistemas de cognição e de compreensão do mundo. Assim, este trabalho de pesquisa pretendeu estudar a relação entre letramento, escritas da memória e identidade cultural. O objetivo principal foi verificar até que ponto a prática pedagógica com escritas da memória contribui para o letramento de adultos oriundos de culturais orais e que tiveram pouco contato com a palavra escrita. Partiu-se da suposição de que o trabalho com as escritas da memória propiciasse o sentimento de pertencimento e levasse o aluno a construir uma imagem de si mesmo como sujeito-autor de sua escrita, compreendendo-a como prática social significativa. Com efeito, ao relembrarmos o passado, confrontamos valores, crenças e sentimentos do presente com valores, crenças e sentimentos do passado. Vozes, imagens, sons, cheiros, o passado nos assalta, e ressignificamos sentidos há muito perdidos. O espaço da memória é também o espaço da ressignificação: o espaço de construir e reconstruir representações e identidades, de acordo com os modos como, ao nos fazermos sujeitos da memória, nos ancoramos ou nos engatamos em um e não outro discurso, em um e não outro sentido. Ou seja, construímos representações do passado de acordo com as representações que fazemos do presente, e tanto umas quanto as outras são atravessadas pelas representações social e historicamente construídas.Há como que um liame ou um entrecruzamento de representações, a partir do qual forjamos uma identidade que é individual e ao mesmo tempo coletiva.Nesse movimento, negociamos significados e nos inserimos no jogo das configurações e reconfigurações das relações de poder que se consubstanciam no e pelo discurso.A metodologia desta pesquisa dividiu-se em três etapas: a aplicação de sequência didática abordando o gênero textual autobiografia e suas especificidades; coleta de dados (textos escritos pelos alunos, fichas de acompanhamento do processo ensino-aprendizagem, questionários de perfil sócio-econômico e cultural); por fim, a análise qualitativa dos dados.Fundamentaram esta pesquisa os conceitos de autonomia (FREIRE, 2002), agência (BAZERMAN, 2006, 2011, 2015; KLEIMAN, 2006), autoria (POSSENTI, 2002; TFOUNI, 2005, 2010), letramento ideológico (STREET, 2014) e memória coletiva (HALBWACHS, 1990; BOSI, 1979, 2003). Concluiu-se que, ao fazer da palavra escrita uma forma de reviver sua experiência por meio do discurso da memória, o aluno ressignifica a prática letrada, reconceitualiza-a: a palavra escrita lhe pertence e ele é pertencido por ela.

Autoria: Francesco Antonio Capo

Orientadora: Profª. Drª. Norma Seltzer Goldstein

Poesia de resistência na escola pública: compromisso ético e formação de identidade

Resumo: Esta dissertação tem por objetivo focar questões voltadas em torno de textos poéticos produzidos por estudantes que participaram do projeto Arte e Intervenção Social, realizado nas aulas de contraturno da E.M.E.F. Prof. Aurélio Arrobas Martins, entre 2013 e 2016. Neste trabalho, buscamos (i) examinar as ações desenvolvidas no projeto Arte e Intervenção Social, de modo a apontar práticas educativas relacionadas à educação estética, que visam promover o protagonismo, a autonomia, a produção de cultura, tendo como base linguagens poéticas; (ii) descrever o encaminhamento das atividades didáticas para produção de textos poéticos; (iii) analisar os textos poéticos nucleados pelos temas do compromisso ético, estético e da formação da identidade. Fundamentamos a análise com o apoio teórico de Bakhtin e Volochinov (2014), numa abordagem da linguagem que considera o enunciado concreto. Nessa perspectiva, podemos compreender a dimensão ideológica dos poemas dos estudantes. Recorremos também às contribuições do campo da literatura e da estética com Petit (2009 e 2013) e Vigotski (2010), privilegiando as dimensões individual e coletiva da arte, procurando entender em que medida a educação estética pode auxiliar em uma função reparadora de danos psíquicos e sociais. Com base na fundamentação, descrevemos as principais ações desenvolvidas no projeto Arte e Intervenção Social, dentre elas, destaca-se a publicação da obra Entre versos controversos: o canto de Itaquera, coletânea de poemas escrita pelos alunos-poetas. Nessa perspectiva, analisamos vinte e dois poemas publicados no livro a fim de entender de que modo essa iniciativa colaborou na formação dos jovens no que se refere à convivência social, permitindo-lhes assumirem uma posição em relação aos acontecimentos da sociedade, o que os torna cidadãos participativos e conscientes. A partir da análise dos poemas, verificamos que os alunos-poetas encontraram, na escrita criativa, um espaço de elaboração subjetividade e de resistência ao caos interior e a problemas sociais. Os resultados obtidos mostram que as atividades do projeto tiveram papel importante no desenvolvimento da sensibilidade dos estudantes e na formação de suas identidades. Acreditamos que a vivência estética permitiu que os alunos-poetas interpretassem o mundo de um modo diferente e que, a partir de suas produções artísticas, eles encontraram formas de expressar a resistência e de resgatar a própria autoestima e a da região em que residem.

Autoria: Daniel Carvalho de Almeida

Orientadora: Profª. Drª. Maria Inês Batista Campos

Vlogs - Um estudo das sequências narrativas e argumentativas das produções discentes no Ensino Fundamental

Resumo: O presente trabalho discorre sobre o ensino da produção textual em língua portuguesa, a partir do uso da mídia digital e da seleção do gênero Vlog como um fomento ao processo de ensino-aprendizagem. A audiência dos alunos a estes canais despertou o interesse da pesquisa para a busca de elementos que permitissem conhecer de modo mais aprofundado esse gênero e sua aplicabilidade em sala de aula de língua materna. Acreditamos que essa discussão vá ao encontro da construção de cidadania e práticas sociais entre os jovens, tendo em vista o fato de haver uma inclinação para utilizar as mídias digitais como um processo de articulação e expressão na sociedade, como apontam Borelli et alii, (2009:42) (...) os jovens se articulam preferencialmente em redes de socialidades. Assim, é comum no universo juvenil acompanhar e assistir aos Vlogs (abreviatura de videologs). Nessa direção, temos por objetivos analisar a expressão da opinião e argumentação que surgem nas sequências narrativas e argumentativas das produções orais e escritas dos alunos, para apreender as principais características e dificuldades, tanto em relação à estrutura do texto, quanto ao uso estratégico da língua portuguesa em termos de persuasão. Nesse sentido, procedemos também à observação e à caracterização do ethos, das produções discentes no trabalho com os Vlogs, para entendermos de que modo ele se constitui. Metodologicamente, procedeu-se à aplicação de uma sequência didática em que foram adotados procedimentos de coleta de textos produzidos por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal de São José dos Campos. Ainda quanto à metodologia, foi solicitado que os alunos acessassem, no canal Youtube, a seis videologs mais assistidos por eles, de acordo com uma pesquisa previamente realizada, a fim de que observassem as características do gênero que produziriam e correspondiam a relatos autobiográficos orais e narrativas de memórias, gravados em vídeo e publicados via internet. Por embasamento teórico, retomamos propostas e expectativas de aprendizagem dos Parâmetros Curriculares Nacionais, das Diretrizes Curriculares Nacionais e da Matriz Curricular do Município de São José dos Campos adotada pelas escolas da rede municipal de ensino no que se refere ao uso de mídias digitais e das sequências narrativas e argumentativas. Além disso, observamos as concepções dos gêneros do discurso de Bakhtin (2011), de Schneuwly e Dolz (2004), em relação à produção dos gêneros orais e escritos e sua utilização na escola. Recorremos, ainda, a Koch (2011) e Amossy (2008) a respeito de questões de argumentação, conceitos, e procedimentos que necessitam ser mobilizados na produção de narrativas pessoais argumentativas e para as discussões sobre ethos. Retomamos, por fim, os pressupostos de estudiosos que tratassem dos gêneros discursivos emergentes no contexto da tecnologia digital, como Marcuschi (2010) entre outros, inserindo-os na perspectiva dos multiletramentos (ROJO, 2012). Os resultados da pesquisa apontaram para a viabilidade do trabalho com o gênero Vlog em sala de aula, por permitir que o ensino se aproxime ao que ocorre nas práticas sociais e que se refere ao mundo digital. Do mesmo modo, o ensino de produções da ordem do argumentar a partir de narrativas mostrou-se adequado, a partir do gênero Vlog, tendo em vista a possibilidade de os alunos aprenderem questões referentes à argumentação, incluindo-se a constituição da imagem de si para a persuasão.

Autoria: André Rodrigo Ataliba

Orientadora: Profª. Drª. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

A Nomenclatura Gramatical Brasileira na sala de aula

Resumo: Em todas as disciplinas do currículo escolar são utilizados termos específicos nas aulas. No caso da disciplina de Língua Portuguesa, a terminologia gramatical é utilizada para referir-se à própria língua. Essa terminologia é tradicionalmente denominada Nomenclatura Gramatical Brasileira e conhecida como NGB. Esta pesquisa discute a terminologia gramatical da Língua Portuguesa utilizada na sala de aula do ensino fundamental II e tem como objetivo geral verificar como o aluno, ao chegar no 9.º ano, compreende essa terminologia. Com a finalidade de se chegar ao objetivo geral, por meio de pesquisa de campo, foi aplicado um questionário com termos gramaticais referentes às classes de palavras, a fim de verificar como os estudantes definiriam tais termos, pois são palavras que fazem parte do universo escolar dos alunos, estão inseridas no discurso didático e pedagógico da sala de aula e constam dos livros didáticos utilizados por eles ao longo dos anos escolares. O questionário apresentado trouxe os termos e um espaço em branco para os alunos colocarem o significado de cada um, da maneira como eles os entendem. O trabalho seguiu um percurso semasiológico, ou seja, partiu da designação já estabelecida para o conceito. As definições deles foram analisadas, de forma a averiguar se expressam adequadamente os conceitos observados. Para verificar o que se esperaria dos alunos, foram analisadas as definições presentes nas gramáticas, nos livros didáticos, bem como os conceitos etimológicos dos termos. Como esta pesquisa faz parte de um programa de Mestrado Profissional, ela tem a pretensão de oferecer propostas para o trabalho em sala de aula com essa terminologia, de modo a levar os contributos dos estudos lexicológicos e terminológicos à escola. Os resultados apontam que os alunos têm dificuldade para entender a terminologia gramatical usada nas aulas. Nesse sentido, a pesquisa demonstra a necessidade de se produzir materiais voltados ao ensino e intervenções didáticas que propiciem, de maneira mais eficaz, o entendimento e a apropriação pelos estudantes dos conceitos estudados e utilizados por eles.

Autoria: Fernando de Souza Pereira da Silva

Orientadora: Profª. Drª. Mariângela de Araújo

O gênero crônica no Ensino Fundamental II e o sujeito-autor: relação dialógica e interativa

Resumo: Esta dissertação relata uma experiência pedagógica de aplicação de sequência didática em duas salas de aula do Ensino Fundamental II de uma escola pública municipal de São Paulo. A atividade foi voltada ao estudo da crônica, com foco no aspecto narrativo, numa perspectiva dialógica e interativa de ensino e aprendizagem, segundo as concepções de Bahkthin (1997), que conceitua os gêneros do discurso como tipos relativamente estáveis de enunciados. Para o autor: Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua que efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana.. A partir de atividades de leitura e interpretação de crônicas, pretendeu-se levar os alunos a reconhecer, além das características do gênero, os elementos de coesão e sua importância para a organização e clareza do texto, orientando, assim, o processo autoral de produção textual. Também foi feita a prática de retextualização. Pelo seu caráter híbrido e flexível, as crônicas exerceram um papel motivador importante. A opção pelo trabalho com sequência didática propicia aos estudantes a possibilidade de apropriar-se dos sentidos do gênero abordado e dos mecanismos de funcionamento da linguagem. A esse respeito, Dolz, Noverraz e Schneuwly (2011) afirmam que a sequência didática contribui para desenvolver a capacidade comunicativa dos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem pelo fato de propiciarem a criação de contextos reais de produção. Vale ressaltar o papel do professor que, mais do que um mediador, precisa ter uma postura de agente de letramento que, segundo Kleiman(2006), (...) no caso da escola, seria um promotor das capacidades e recursos de seus alunos e suas redes comunicativas. Para o trabalho de retextualização, seguiu-se a proposta de Oliveira (2005), sobretudo nas operações de divisão do texto em unidades de comunicação, adequação das palavras ao sistema ortográfico oficial, eliminação das repetições, introdução da pontuação detalhada, retomada do texto pela leitura. O resultado do trabalho foi positivo, uma vez que houve a adesão de boa parte dos alunos e um aprimoramento da escrita de vários deles. No entanto, cabe ressaltar que as produções textuais, pelas dificuldades individuais, situam-se entre a crônica propriamente dita e narrativas simples, com poucas nuances de humor, de crítica ou de reflexão, como seria de se esperar em uma crônica. Dado que os gêneros são relativamente estáveis, há espaço, também, para a instabilidade que se manifestou na produção dos alunos.

Autoria: Gabriela de Camargo Moreira Rochel

Orientadora: Profa. Dra. Norma Seltzer Goldstein

A escrita ortográfica no sexto ano do Ensino Fundamental

Resumo: Este trabalho teve como escopo detectar mecanismos presentes no processo de produção escrita de alunos que chegam ao sexto ano do Ensino Fundamental sem o domínio ortográfico esperado nesse nível de escolaridade, considerando o sexto ano como momento nodal para um apoio fundamentado àqueles que apresentem defasagem. Para tanto, analisa produções de quatro alunos de uma escola pública estadual da capital paulista, com base em postulados da Fonética e da Fonologia, em que são observadas as possíveis relações entre a consciência fonológica do português brasileiro e os processos de escrita. Reflexões da Psicolinguística concorrem para o entendimento de que os erros dos alunos são índices a serem considerados para intervenção didático-pedagógica. Para sintonizar intervenções na escola, postulados da Teoria da Atribuição Causal, voltados para a educação, são propostos com o intuito de compreender a disposição dos alunos diante das dinâmicas de ensino e aprendizagem. Uma sistematização das normas ortográficas do português embasa sugestões de abordagens em sala de aula para superação dos problemas apontados.

Autoria: Maria Ângela Padovani

Orientadora: Profª. Drª. Rosane de Sá Amado

Produção textual para o Enem em sala de aula: uma proposta a partir do Ensino Fundamental

Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo investigar as características das solicitações de produção de texto no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), analisando em que medida os comandos para elaboração desses textos proporcionam o surgimento de um gênero da esfera escolar específico para esse fim e como algumas práticas docentes podem contribuir para um ensino de produção textual que atenda à demanda desse vestibular, desde o Ensino Fundamental. Sem perder de vista o objetivo principal do Programa Mestrado em Letras em Rede Nacional (PROFLETRAS), capacitar professores de Língua Portuguesa para o exercício da docência no Ensino Fundamental, pretendemos contribuir com práticas pertinentes ao ensino de diferentes gêneros orais e escritos, com foco nas produções de texto solicitadas no vestibular Enem, contribuindo para a democratização de acesso às diferentes possibilidades oferecidas a partir desse exame e para a melhoria da qualidade do ensino no país. Seguindo os preceitos dos PCNs e do Currículo do Estado de São Paulo, adotou-se a língua como objeto de estudo da disciplina de Língua Portuguesa, assim como as concepções de gênero apoiadas em Bakhtin (2003), Marchuschi (2005,2008). Em relação à organização do trabalho pedagógico, apoiados nas orientações de Schneuwly e Dolz (2004) e Bronckart (1999), planejamos uma sequência didática para a produção de texto nos moldes do Enem em uma turma de 8º ano do Ensino Fundamental, cuja validação ocorreu pela análise das competências avaliadas pelo INEP e pelo cotejamento de resultados do mesmo trabalho em uma turma às vésperas do vestibular Enem de 2016, revelando a viabilização da atividade com alunos das séries finais do Ensino Fundamental. Para melhor entendermos as características que possivelmente trariam singularidade ao modelo sugerido pelo Inep, recorremos ao Guia do Participante, ao postulado por Marchuschi sobre o gênero redação de vestibular, de Brakling (2000), de Koche, Boff e Marinello (2014), Costa (2009), Baltar (2007) e Abaurre (2007). Para a discussão de cada uma das competências avaliadas pelo Enem, buscamos o entendimento em Neves (2011), Castilho (2012), Bagno (2011,2014), Aquino (2005) e Koch (2016). Os resultados da pesquisa demonstram que há uma relação direta entre a sequência didática apresentada para o Ensino Fundamental e os textos pretendidos pelo Inep, confirmando a hipótese de que o Enem apresenta características próprias para suas produções textuais que devem ser levadas em consideração nas práticas docentes desde o Ensino Fundamental, em consonância ao ensino de outros gêneros orais e escritos importados pela escola em sua prática cotidiana do ensino da compreensão e produção dos gêneros. Houve ganhos no entendimento de que os alunos escrevem melhor quando apresentados às situações simuladoras da realidade de produção das propostas do Enem, que apontam para uma necessidade de incorporação dessa prática aos materiais didáticos para as séries finais do Ensino Fundamental.

Autoria: Helen Regina Alario Costa

Orientadora: Profª. Drª. Valéria Gil Condé

A expressividade de prefixos e sufixos: um proposta didática

Resumo: Esta pesquisa objetiva verificar de que maneira os processos de derivação prefixal e sufixal são abordados por materiais didáticos utilizados atualmente no Ensino Funda-mental II e propor atividades que desenvolvem a competência lexical e a competência comunicativa do aluno aprendiz. Primeiramente, analisamos e descrevemos como os processos de formação de palavras são abordados em três materiais didáticos - Por-tuguês: linguagens, 6º ao 9º ano; Projeto Teláris: português: ensino fundamental, 6º ao 9º ano; Para viver juntos: português, 6º ao 9º ano -, obras sugeridas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2016, destinadas ao Ensino Fundamental II. Além disso, questionamos tanto as razões desse conteúdo estar presente majoritariamente no 9º ano, quanto o porquê de não explorarem satisfatoriamente a expressividade das criações lexicais. Percebemos que para se trabalhar com expressividade e com as-pectos semânticos, é necessário repensar as aulas de Língua Portuguesa, principal-mente no que diz respeito ao Ensino do Léxico, uma vez que esse estudo ainda parece estar marginalizado na sala de aula. A fim de mostrar ao professor a importância das discussões sobre processos de formação de palavras, em especial da prefixação e da sufixação, propusemos algumas atividades, por meio da análise de poemas de Ma-noel de Barros, que mostram que os elementos presentes na construção de unidades lexicais vão além das meras descrições normativas encontradas em livros didáticos e em gramáticas. O estudo dos afixos em neologismos presentes na poesia permite que se notem as questões de expressividade na formação de novas palavras. Na busca para se comprovar a importância desse aspecto dos estudos do Léxico, elaboramos e aplicamos exercícios para turmas do 6º ano, visto que consideramos indispensável abordar essa temática logo na série inicial do Ensino Fundamental II. O objetivo das atividades foi o de estimular a reflexão a respeito da importância e do significado das palavras formadas por prefixação e sufixação. Para tanto, voltamos nosso olhar para as construções inesperadas presentes na poética de Manoel de Barros, poeta que une prefixos e sufixos a bases de forma inesperada. Os alunos foram convidados a analisar o sentido desses prefixos e desses sufixos, bem como o significado da nova palavra para que pudessem constatar a questão da expressividade e perceber que as criações lexicais surgem tanto por necessidade quanto por questões estilísticas. Dessa forma, levando a poesia para a sala de aula, pretendemos mostrar aos alunos a importância de se compreender como as palavras são formadas e quais os signifi-cados das criações lexicais poéticas no contexto em que se inserem.

Autoria: Jussara Brito de Souza

Orientadora: Profª. Drª. Elis de Almeida Cardoso Caretta

Literatura em quadrinhos: percursos e possibilidades na formação do leitor literário

Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo investigar estratégias para a formação do leitor literário a partir da leitura de obras literárias adaptadas em quadrinhos. O enfoque desse estudo está na recepção da Literatura em Quadrinhos por leitores/alunos dos primeiros anos do Ensino Fundamental II, tendo por objeto a leitura da obra Sr. William Shakespeare teatro, de Marcia Williams. Considerando as atuais pesquisas no campo do ensino da língua materna, verifica-se que inúmeros têm sido os desafios e dilemas na formação de leitores proficientes. As práticas sociais de leitura na sociedade contemporânea demandam do leitor habilidades e competências sobre variadas linguagens, códigos e formas de expressão reunidas, muitas vezes, em um único texto, veiculado sob os mais variados suportes e mídias. Em um cenário composto por textos e linguagens híbridas e múltiplas, cabe o questionamento sobre quais são os saberes e competências necessários para que o aluno alcance efetivamente o objetivo da leitura, isto é, a construção de sentidos. Imbricadas na mesma obra, a Literatura, arte da palavra, e a História em Quadrinhos, arte sequencial, formam um texto intersemiótico rico em possibilidades de percursos para o leitor em formação, além de constituírem um campo propício à iniciação estética. Partindo dessas reflexões e hipóteses, este estudo pretende investigar a interação do leitor com a(s)obra e o(s) autor(es) a fim de refletir sobre aspectos sócio e metacognitivos da leitura. Pretende-se contribuir com as discussões sobre formação do leitor literário e a relevância de determinadas obras e linguagens nesse processo. Para tanto, neste estudo de caso, propõe-se a investigação por meio de questionários, diário de leitura e protocolo verbal para subsidiar o conhecimento e a reflexão sobre o processo de leitura da literatura em quadrinhos.

Autoria: Elaine Mendes da Mota

Orientadora: Profª. Drª. Maria Zilda da Cunha

Um diálogo entre o ensino de Língua Portuguesa e as Ciências Naturais: a aquisição de termos no Ensino Fundamental

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo verificar o processo de aquisição de alguns dos termos das Ciências Naturais por estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental em uma escola da Vila Brasilândia, localizada na zona norte da Cidade de São Paulo. Para se fazer o levantamento do nível de aquisição de termos pelos estudantes, utilizou-se um corpus constituído por 130 questionários específicos, que contêm 10 termos das Ciências Naturais frequentes em contextos definitórios e explicativos presentes em livros didáticos do 2.° ao 5.° ano, selecionados e distribuídos pelo MEC para todas as escolas públicas do Brasil. Para os diálogos teóricos, tomou-se como base os estudos da Psicolinguística realizados por Vigotski e as pesquisas em Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e em Linguística Aplicada, desenvolvidas por vários autores, a exemplo de Estopà, Cabré, Lara, Coady, Lewis, Araújo e Souza e Krieger e Finatto. Com base na análise dos dados coletados e nos diálogos teóricos apresentados, constatamos algumas contradições que podem marcar o processo da aprendizagem em matéria de Ciências Naturais e, diante disso, apresentamos uma proposta de intervenção didática, buscando desenvolver atividades relacionadas à aquisição de léxico que poderiam auxiliar no ensino das Ciências Naturais.

Autoria: Elisa Lourenço Pupim

Orientadora: Profª. Drª. Mariângela de Araújo

Práticas de leitura literária, no ambiente escolar, em face da cultura da convergência

Resumo: Esta dissertação tem como objetivo investigar como características que são inerentes à cultura da convergência podem fomentar a leitura literária. Destarte, tencionamos observar como o uso da tecnologia pode complementar e enriquecer a leitura, através de práticas que possibilitem a junção das mídias tradicionais e as mídias atuais, para assim ressignificar os hábitos de leitura dos alunos. Propomos atividades de leitura participativa e intersemiótica com o uso de dispositivos tecnológicos, que favoreçam o gosto pela leitura e o desenvolvimento de competência de compreensão e de produção de textos narrativos. Utilizamos em momentos diferentes da pesquisa, dois questionários para obtermos dados qualitativos em relação às propostas realizadas. Concluímos que as mudanças nas práticas de leitura em sala de aula são vitais, uma vez que as conversões culturais não podem ser dissociadas das transformações educacionais.

Autoria: Uilma Matos dos Santos Melo

Orientador: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio

Vozes ignoradas: Cuti e Sérgio Vaz no Ensino Fundamental

Resumo: Este projeto de pesquisa teve por objetivo desenvolver e aplicar, no Ensino Fundamental II (EF II), uma sequência didática, de autoria própria, focada nas Literaturas Periférica e Afro-Brasileira, a partir das obras de dois autores selecionados: Sérgio Vaz, voz importante da Literatura Periférica (1964), e Cuti (pseudônimo de Luiz Silva, 1951), expoente da Literatura Afro-Brasileira. Esse propósito se articula com a Lei 11.645/2008, atualização da Lei 10.639/2003, que determina o ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras em todos os níveis de ensino no Brasil. Nesse sentido, abordou-se a situação do negro no Brasil, explorando os conceitos de negritude e branquitude, e desenvolvendo considerações sobre a leitura literária, subjetividade e identidade. Este trabalho compreendeu pesquisa qualitativa, com a aplicação de um questionário direcionado aos alunos de dois 6os anos e um 7º ano, para os quais este pesquisador/professor lecionou; a pesquisa sondou, entre outros, os conhecimentos dos estudantes sobre a África e a literatura negra assim como suas noções de preconceito, negritude e branquitude, que passam, necessariamente, por valores sociais, estéticos, éticos e culturais, construídos socialmente. Desenvolveu-se, por fim, uma proposta didática aplicável ao 6º e 7º anos do Ciclo II do Ensino Fundamental (EF II), com o intuito de abrir espaço para a inclusão e a discussão da leitura literária da Literatura Afro-Brasileira e da Literatura Periférica no Ensino Fundamental da escola pública. Buscou-se promover a mediação e fruição literária a partir da seleção de textos narrativos (contos) e poéticos, contribuindo para a educação para as relações étnico-raciais. Após a formulação e a aplicação das atividades didáticas, prosseguiu-se com a leitura de todas as produções escritas dos alunos, com a seleção de excertos, de modo a obter uma perspectiva de sua aprendizagem e apreensão dessas literaturas, tendo em vista os dados iniciais fornecidos por eles em resposta à pesquisa realizada no início do projeto.

Autoria: Fernando Januario Pimenta

Orientador: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio

 

Ingressantes em 2016 

O funcionamento dialógico em artigos de opinião dos anos finais do Ensino Fundamental

Resumo: Nesta dissertação, o objetivo é analisar os artigos de opinião produzidos por estudantes dos anos finais do ensino fundamental de uma escola da rede pública da cidade de São Paulo. Está em foco a defesa de um ponto de vista sobre o tema O impeachment de Dilma Rousseff, em que as relações dialógicas foram estabelecidas com diferentes vozes apresentadas em discursos da mídia impressa e digital, no período de abril e maio de 2016. A fundamentação teórica centra-se nos conceitos de M. Bakhtin e o Círculo tais como esfera de circulação, enunciado concreto, discurso citado e na perspectiva ideológica dos estudos de letramento de Brian Street. O artigo de opinião como gênero do discurso está prescrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como texto argumentativo a ser ensinado nas práticas de leitura e de produção escrita. Esta pesquisa apresentou uma proposta didática dialógica a quatro turmas do 9º ano em três momentos: leitura da coletânea, pesquisa e discussão dos textos; produção de texto (versão 1); revisão e produção de texto (versão 2). Tendo a concepção de escrita como um processo de compreensão responsiva foram selecionados 38 artigos a partir de dois critérios: i) o discurso citado: paráfrase, uso de aspas e cópia ii) a formulação expressiva nos títulos. A análise da apreensão dos discursos da coletânea considerou o engendramento ativo dos sujeitos na produção de sentidos e os vários leitores do artigo: colegas de turma e a professora. No conjunto dos artigos de opinião sobre o tema do impeachment de Dilma Rousseff, foram identificadas quatro formas de argumentação: i) paráfrase; ii) uso de aspas na marcação do discurso alheio; iii) cópia de trechos da coletânea; iv) posicionamento valorativo nos títulos. O resultado da produção dos estudantes mostrou uma diversidade de posições a favor ou contra a situação política polarizada entre pró e contra Dilma. Os recursos argumentativos recuperaram os debates tensos e conflitantes que aconteciam nas ruas e no Congresso Nacional brasileiro. E mostraram diferentes compreensões sobre a mesma informação, sinalizando que o trabalho com a escrita não está desvinculado dos contextos sócio-históricos das práticas letradas dos estudantes, mas refletem e refratam os textos-fonte. Compreender cada texto como resposta ao discurso do outro é proposta de atividade dialógica, um trabalho com discurso político nas aulas de português.

Autoria: Ana Carolina Cuofano Gomes da Silva

Orientadora: Profª. Drª. Maria Inês Batista Campos

Uma experiência de leitura literária no Ensino Fundamental II: A hora da estrela, de Clarice Lispector

Resumo: A presente dissertação tem como objetivo discutir aspectos da leitura literária em sala de aula a partir da leitura do romance A hora da estrela, de Clarice Lispector, aplicada nas aulas de Língua Portuguesa em uma escola municipal de São Paulo. Esta pesquisa insere-se no contexto do Mestrado Profissionalizante em Rede Nacional Profletras, que visa promover a educação continuada dos professores de Língua Portuguesa atuantes no ensino público do país. Por isso, professor e pesquisador aqui são um único sujeito que busca aprimorar e refletir sobre sua prática pedagógica. A partir dos estudos dos documentos oficiais nacionais e municipais e das discussões teórico-metodológicas sobre o ensino de Leitura Literária (ROUXEL, LANGLADE, REZENDE, 2013), foi realizada a leitura compartilhada da obra de Clarice Lispector, com duas turmas de 9º ano em 2017. O planejamento, sua execução e a coleta de dados não se deram sem imprevistos e percalços, típicos em qualquer escola ou sala de aula. Todas essas etapas, bem como os comentários e produções textuais dos estudantes, foram descritas e analisadas com vias a se perceber as leituras realizadas por estudantes/leitores reais em uma sala de aula sob a mediação do professor/pesquisador, leitor experiente que busca uma leitura implicada e significativa. Os resultados demonstram avanços e recuos de estudantes ainda pouco familiarizados com o repertório próprio da cultura literária, mas que a partir de suas experiências pessoais e da partilha de interpretações e impressões apoderam-se e utilizam-se do texto literário de modo singular. Nesta experiência, alguns conceitos provaram ser decisivos para o sucesso da atividade: a mediação do professor, a partilha dentro da comunidade leitora e o pacto que não se estabelece apenas entre leitor e obra, mas entre estudantes e professor.

Autoria: Ana Carolina de Oliveira Morais

Orientadora: Profª. Drª. Neide Luzia de Rezende

Leitura e leitores: um perfil de alunos do ensino fundamental II em uma escola pública de Campinas – SP

Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo mapear, descrever e analisar um determinado perfil de leitores da educação básica, refletindo sobre aspectos da prática de leitura literária, de alunos de 8º e 9º anos, da Escola Estadual, localizada em Sousas, no município de Campinas SP. O foco temático foi compreender a relação do discente com o livro e a leitura, especialmente a literária, tendo em vista suas práticas de leitura de textos literários, indicados (ou não) pela escola. A metodologia estabeleceu-se numa pesquisa-ação de abordagem qualitativa e descritiva. Os procedimentos de coleta de dados realizaram-se por meio de questionários com perguntas abertas e fechadas, na esteira do proposto por GIL (2008) e pela realização de grupo focal visando à obtenção de dados mais precisos que pudessem indicar dimensões mais subjetivas implicadas nos atos de leitura, e por entrevista com as professoras das turmas para sondagem e conhecimento de suas práticas de leitura de obras literárias. Os resultados obtidos permitiram afirmar que esses alunos da escola pública, de modo geral, não possuem domínio sobre as diferenças de gêneros das obras literárias e nem são capazes de desenvolver uma compreensão mais aprofundada dos sentidos das leituras literárias. Uma vez que os alunos realizam as leituras de acordo com suas possibilidades pessoais e oportunidades promovidas pela escola, a ausência de um tempo possível e legítimo para a leitura dentro da escola impacta negativamente sua capacidade leitora, ainda que um número significativo de alunos demonstre interesse pela leitura. O referencial teórico norteador fundamentou-se nos estudos sobre leitura e lugar do leitor em Michèle Petit (2013), Teresa Colomer (2007), Daniel Pennac (1993), além de Chartier (2011), Rezende (2013) e Dalvi (2013).

Autoria: Mônica do Socorro de Jesus Chucre

Orientadora: Profª. Drª. Vima Lia de Rossi Martin

Além dos muros da escola – uma experiência de debate pelo WhatsApp no Ensino Fundamental II

Resumo: Esta pesquisa tem o objetivo de avaliar as contribuições do uso do aplicativo WhatsApp para um trabalho voltado à ampliação da competência argumentativa e ao favorecimento dos letramentos críticos. Para isso, foram realizados, em ambiente virtual, seis debates com duas turmas de oitavos anos do Ensino Fundamental II. Os corpora constituem-se de aproximadamente 305 minutos de debate, transcritos para um arquivo de texto por meio do próprio aplicativo. A fim de justificar os interesses desta pesquisa e favorecer a compreensão do material produzido pelos estudantes, discutimos, ao longo dos capítulos, sobre as orientações presentes nos documentos oficiais e tratamos da importância dos multiletramentos e das possibilidades pedagógicas proporcionadas pelas Tecnologias da Informação e Comunicação. Além disso, apoiando-nos na teoria bakhtiniana acerca dos gêneros do discurso e, através das contribuições de Marcuschi (2004), buscamos verificar o desenvolvimento do gênero debate a partir do espaço digital oportunizado pelo aplicativo WhatsApp. Recorremos também a um aporte teórico relacionado à argumentação, tendo em vista a necessidade de construirmos uma base significativa e relevante a ser utilizada em nossas análises dos corpora. Nesse sentido, destacamos as contribuições de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996 [1958]) que retomam a retórica aristotélica, bem como os estudos de Amossy (2007), importantes para este trabalho, na medida em que compreendem a dimensão argumentativa como característica inerente a quaisquer discursos. Os resultados permitem ratificar a validade do espaço virtual utilizado para a prática argumentativa a partir de um contexto em que os estudantes encontram interlocutores reais com os quais podem argumentar e defender seus posicionamentos.

Autoria: Anderson Oliveira Martins

Orientadora: Profª. Drª. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

Língua e cultura em sala de aula: o ensino das expressões idiomáticas para estudantes de português como língua materna

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar de que maneira o conhecimento/desconhecimento das expressões idiomáticas interfere na compreensão de textos que as utilizam como recurso para construção de sentidos. Tal investigação justifica-se pelo fato de os alunos da etapa inicial do Ensino Fundamental II (especificamente sexto ano) apresentarem dificuldades na leitura de textos que tenham tais expressões, já que essas unidades lexicais apresentam forte carga cultural, demandando que os usuários da língua empreendam conhecimentos lexicais e culturais para compreendê-las. Para o desenvolvimento desta pesquisa, elaboramos uma proposta de intervenção didática e a aplicamos aos alunos de duas turmas de sextos anos de uma escola municipal de cidade de São Paulo. Os resultados de tal intervenção forneceram-nos corpus para analisarmos o nível de conhecimento das expressões idiomáticas que os alunos apresentavam antes da intervenção didática, o percurso de desenvolvimento da competência lexical ao longo da produção das atividades e os resultados do trabalho após a etapa final da intervenção. A partir dos resultados obtidos, observamos que o ensino sistematizado do léxico é uma estratégia que acarreta consequências positivas tanto em relação à competência lexical quanto às competências leitora e discursiva.

Autoria: Lígia Fabiana de Souza Silva

Orientadora: Profª. Drª. Mariângela de Araújo

Ambiguidade lexical e humor: Proposta de atividade para o sétimo ano do Ensino Fundamental II

Resumo: Os documentos oficiais e a concretização das propostas no livro didático analisado abordam a ambiguidade lexical como algo a ser evitado e corrigido através de estratégias de desambiguação, ignorando a importância da natureza polissêmica da língua como recurso expressivo na comunicação cotidiana e como instrumento fundamental do humor, especialmente as variantes de humor popular e infantil. O presente trabalho busca abordar a ambiguidade lexical, polissemia e homonímia, no gênero tirinha cômica, texto multimodal e humorístico, visando observar a eficácia da proposta de leitura e produção como exercício de contextualização, levando os alunos a observarem, explicarem e produzirem texto, utilizando-se dos diversos significados possíveis das palavras em uso, em situação concreta de enunciação. A proposta se dá dentro do conceito de multimodalidade, trabalhando a ambiguidade lexical e o letramento visual, objetivando que o aluno não apenas observe e compreenda as tirinhas apresentadas, mas também que produza a sua própria, compondo o texto com os elementos verbal e visual. As atividades foram divididas em dez passos: pesquisa e compartilhamento de HQs, atividade diagnóstica, análise da ambiguidade lexical em tirinha cômica no livro didático, jogo digital Quem ri seus males espanta Piadas, consulta às diferentes acepções no dicionário, escrita do glossário de unidades lexicais polissêmicas ou homônimas, elaboração do roteiro da tirinha, autoavaliação, produção final de uma tirinha cômica e apreciação dos trabalhos das turmas.

Autoria: Daniela Berciano Sinhorini

Orientadora: Profª. Drª. Elis de Almeida Cardoso Caretta

O poema no ensino fundamental II: jogos lúdicos, leitura e produção textual

Resumo: O desenvolvimento da competência leitora e escritora nem sempre ocorre na escola de modo pleno. Desse modo, os níveis de letramento, no ensino fundamental II, avançam lentamente. O estudante nem sempre consegue utilizar os recursos linguísticos para escrever textos e/ou interpretá-los. A presente pesquisa justifica-se pela intenção de sugerir atividades didáticas que de fato promovam o desenvolvimento das competências em leitura e escrita. Assim, foi estudado o letramento mediante as propostas que empregam os gêneros textuais como estratégia didática no ensino de língua materna. Por meio da elaboração e aplicação de atividades, o objetivo é verificar se a leitura e comentários orais decorrentes, bem como as atividades de escrita, auxiliam o estudante (sexto ano) a confeccionar poemas. A hipótese estabelecida é a de que uma proposta fundamentada na leitura (silenciosa, compartilhada) e nas rodas de conversa corrobora com a apropriação das características do gênero poema e, por conseguinte, viabiliza indivíduos agentes, que conseguem escrever textos com autonomia. A metodologia desta pesquisa organizou-se em cinco etapas: percurso histórico dos processos de aprendizagem em Língua Portuguesa, apresentação do gênero poema e suas especificidades, aplicação da proposta didática, coleta de dados (textos escritos pelos alunos individual e coletivamente) e, por fim, análise qualitativa dos dados. Fundamentou esta pesquisa os conceitos de letramento (Antunes, 2009; Kleiman, 1998, 2007; Rojo 2004, 2005; Soares 2002, 2004), os conceitos de dialogismo no texto literário (Bakthin, 2016; Fiorin, 2006), os conceitos do gênero poema (Bosi, 2000; Goldstein, 1999, 2006, 2007; Martins, 2008), os conceitos de agência (Bazerman, 2006), os conceitos de autoria (Possenti, 2007; Tfouni, 2015) e os conceitos de éthos (Amoussy, 2011; Discini, 2014). Concluiu-se que uma proposta didática bem fundamentada conduz o estudante a apropriar-se das características do gênero e a escrever poemas com traços de autoria.

Autoria: Liliane Battistin

Orientadora: Profª. Drª. Norma Seltzer Goldstein

Redes sociais no contexto escolar: a argumentação no Facebook

Resumo: Este trabalho trata da argumentação que ocorre em face das interações via rede social, buscando detectar traços relacionados às estratégias argumentativas utilizadas por alunos da rede municipal em publicações no Facebook produzidas e postadas no contexto escolar. Para isso, atenta para o modo como essa rede favorece a interação e as intervenções do professor, contribuindo com o desenvolvimento da argumentação, seleção e uso de argumentos e com a construção da relação auditório/ethos em textos desses estudantes. Nessa perspectiva, o discurso é visto como resultado da interação e constituído a partir das relações dos interlocutores com o meio. Desse modo, a partir da Teoria da Argumentação inscrita na Nova Retórica, consideramos o estudo das técnicas discursivas que permitem suscitar a adesão às teses e observamos como elas desenvolvem-se nas redes, particularmente o Facebook, que tem por característica principal a ação colaborativa dos internautas. Além disso, a pesquisa volta-se para o ensino e, por consequência, para as habilidades descritas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC 2017) apontadas como imprescindíveis nos processos de aprendizagem que envolvem textos da ordem do argumentar. A pesquisa insere-se no âmbito da Linguística Aplicada ao Ensino e, para alcançar os objetivos propostos, tomamos como embasamento os Estudos do Discurso, em que tratamos da Teoria da Argumentação, da Linguística de Texto e da Teoria Sociointeracionista da aprendizagem. O corpus constitui-se de publicações do Facebook, produzidas pelos estudantes e coletadas em três etapas: contexto escolar inicial, contexto escolar durante o projeto e após intervenção por meio de aplicação de sequência didática.

Autoria: Elisangela Pereira da Silva

Orientadora: Profª. Drª. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

Placas e cartazes: o uso de gêneros discursivos nas aulas de português do Ensino Fundamental

Resumo: Esta dissertação apresenta a pesquisa desenvolvida a partir da aplicação de uma sequência didática que utiliza os gêneros placa e cartaz para o ensino de língua portuguesa em uma turma de sexto ano do Ensino Fundamental. Tal proposta objetivou aprimorar as habilidades leitora e escritora dos alunos, além de ressaltar que o sentido dos enunciados é construído para além dos elementos linguísticos. As placas e cartazes são considerados enunciados (BAKHTIN, 2016) e em sua composição encontram-se os signos verbais e visuais. Tais signos produzem conteúdo explícito e implícito construídos a partir de elementos como: volume, cor e imagens. O trabalho com a linguagem verbo-visual dos gêneros mencionados é pautado na necessidade de explorar os elementos visuais, os artifícios utilizados na composição desses textos e as consequências disso no modo de interpretá-los. Como procedimento metodológico, opta-se pela pesquisa-ação, a partir das ideias de Santos (2012). Além disso, apresentam-se a contribuições teóricas de Volochinov/ Bakhtin (1999), Bakhtin (2016), Bortoluci (2010), Mirzoeff (2003), Kress (2005), Freedman (2003), Dondis (1991), Guimarães (2000) dentre outros, que discorrem sobre gêneros discursivos, cultura visual e elementos verbo-visuais. Para análise dos dados, realiza-se a comparação das duas produções de texto (inicial e final) elaboradas pelos alunos, além de pequenos relatos dos estudantes sobre as aulas que compuseram a sequência didática.

Autoria: Mariana Jablonski de Freitas Eleno

Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena da Nóbrega

Escolhas lexicais e caracterização de personagens: uma proposta de atividade didática com base na leitura e no Role Playing Game

Resumo: O conhecimento do vocabulário integra o repertório que o leitor utilizará no desvendamento dos sentidos do texto. Parte considerável desse repertório é adquirido em espaços informais, porém a escola tem um papel importante nessa aquisição. Antunes (2012) acredita que o ensino sistemático do léxico pode auxiliar nesse processo, mas que os materiais didáticos pouco se atentam para isso. Paralelamente, o avanço das tecnologias de comunicação modificou todos os espaços sociais, inclusive a escola. Rojo e Moura (2012) alertam para a existência de uma produção cultural híbrida e orientam para que as práticas escolares reconheçam a existência de múltiplos letramentos que variam no tempo e no espaço. Uma vez que a escola precisa atender à diversidade social e cultural, e o ensino de língua, proporcionar a construção de habilidades necessárias aos letramentos do mundo contemporâneo, o trabalho aqui delineado empregou o Role Playing Game (RPG) como suporte para um trabalho de leitura, escrita e ampliação de vocabulário. A sequência de ensino elaborada foi destinada a estudantes do sétimo ano do Ensino Fundamental II e incluiu a leitura do livro infanto-juvenil O Clube dos Sete, de Marconi Leal (2015), o desenvolvimento de um jogo RPG e, finalmente, a aplicação de um conjunto de atividades de reflexão, cujo objetivo principal é propiciar tanto o desenvolvimento de uma leitura crítica e reflexiva quanto das escolhas lexicais na construção de personagens. A aplicação da proposta demonstrou que a inserção de um gênero vernacular e lúdico como a narrativa interativa para o ensino de vocabulário na educação básica é relevante pois propicia a aprendizagem espontânea e a motivação para a troca e o diálogo.

Autoria: Patricia Torres

Orientadora: Profª. Drª. Elis de Almeida Cardoso Caretta

 

Ingressantes em 2018

Campos semânticos no conto “Uma vela para Dario”, de Dalton Trevisan: proposta de ensino do léxico para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II

Resumo: Nos documentos oficiais PCN (1998) e BNCC (2018), o texto é tratado como objeto de estudo das aulas de Língua Portuguesa e o enfoque dado aos aspectos discursivos vem contribuindo para uma nova perspectiva de língua, contexto no qual se destacam as escolhas lexicais. Entretanto, os professores ainda encontram dificuldades em sistematizar o ensino de léxico, assim como faltam referências para as práticas pedagógicas. Neste trabalho, tem-se por objetivo apresentar parte de uma proposta didática sobre o léxico do conto Uma vela para Dario, de Dalton Trevisan, aplicada em turmas de 9º ano da Escola Estadual Olga Cury, em Santos SP. Os estudos de Richards (1976) e Nation (1990) sobre o ensino de léxico serviram como base para o desenvolvimento das atividades e a partir deles buscou-se elaborar parte de uma sequência didática que orientasse, de forma metodológica e sistematizada, o trabalho do professor de Língua Portuguesa. Na análise final, foi possível observar o desenvolvimento do vocabulário receptivo e produtivo destes alunos, o que, consequentemente, auxiliou no processo de desenvolvimento das competências leitora e escritora.

Autoria: Dafne Rodrigues Alvares de Castro

Orientadora: Profª. Drª. Beatriz Daruj Gil

Tecnologia digital como recurso de aprendizagem de língua portuguesa no ensino fundamental: o programa “Aventuras Currículo+”

Resumo: Esta dissertação de mestrado do programa Profletras tem como objetivo o estudo e pesquisa das tecnologias digitais da comunicação (TDIC) no contexto da aprendizagem de língua portuguesa, no ensino público. Para tanto, é analisada a história da tecnologia na sociedade além de seu uso para a educação. De modo a fundamentar a pesquisa em situação real, estuda-se um caso da aplicação do programa "Aventuras Currículo +" na E.E. Prof.ª Priscila de Fátima Pinto, em sala de recuperação intensiva de ciclo, no 6º ano do ensino fundamental. O professor-pesquisador analisa a programa "Aventuras Currículo +", suas estratégias para o ensino de língua portuguesa e seus gêneros textuais bem como pesquisa a possibilidade dos multiletramentos em uma plataforma que lida com a gamificação. Há também a reflexão se as atividades propostas pela plataforma são propícias ao desenvolvimento de jovens cidadãos produtores de textos, de modo a fornecer subsídios a professores da rede pública paulista no trabalho com a plataforma estendendo-se a professores de todo o país que estejam interessados em utilizar tecnologia digital na aula de língua portuguesa.

Autoria: Marcelo Aglio

Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena da Nóbrega

O máximo com o mínimo: leitura e escrita de microcontos como estratégia didática

Resumo: O presente trabalho propõe uma reflexão sobre uma sequência didática para leitura e escrita de microcontos realizada com duas turmas de 9º ano que frequentaram uma escola municipal da periferia da Cidade Tiradentes, na cidade de São Paulo, durante o ano de 2018. Inicialmente, a dissertação discute como os documentos oficiais, que orientam o ensino, focalizam a abordagem da literatura e da leitura subjetiva para essa série. Na sequência, analisa como os alunos reagem e interpretam os microcontos lidos, construindo seu sentido através do entendimento individual e da discussão coletiva com a professora e com a turma.

Autoria: Alessandra de Oliveira Barbosa

Orientadora: Profª. Drª. Vima Lia de Rossi Martin

O lugar onde vivo: uma experiência de leitura, escrita e (re)construção de identidade

Resumo: Compreender a leitura e a escrita como instrumento de poder que dá voz e favorece o protagonismo crítico do indivíduo na sociedade é fundamental ao trabalho docente, sobretudo, aquele realizado nas escolas públicas. Este trabalho tem por objetivo discorrer sobre as contribuições do gênero memórias literárias para a melhoria da leitura e a escrita do aluno-autor, que produz e por suas produções são formados, de maneira dialógica, ideologicamente. Para tanto, apresentamos os resultados obtidos com uma pesquisa-ação realizada no curso de Mestrado Profissional em Rede Aberta- PROFLETRAS /USP. Aqui, narramos o caminho trilhado e realizamos a análise das atividades desenvolvidas no projeto de ensino, como também, de quatro produções finais, que pressupõem o aluno como protagonista no processo de ensino-aprendizagem. O aporte teórico baseia-se no conceito da pedagogia da autonomia postulado por Freire (1987/1996); na perspectiva da literatura como espaço subjetivo e de construção identitária, conforme Petit (2013); e nos elementos composicionais do gênero, segundo Bosi (1979/2003) e Marcuschi (2011). Além disso, apresentamos algumas contribuições teóricas de Candido (2004) para refletir sobre "O direito à literatura"; Bakthin (1997) e Voloshinov (1999), que subsidiam reflexões sobre as relações dialógicas e conceituam os gêneros discursivos. Vários outros autores, como Koch e Elias (2010), contribuíram para tecermos considerações acerca da leitura e da escrita. Por fim, Rojo (2006) subsidiou a análise do processo de letramento dos alunos envolvidos. Os resultados são bastante reveladores e apontam para a necessidade de novas perspectivas de leitura e escrita escolar, em que se respeite a subjetividade, a liberdade, a autonomia e a emancipação dos sujeitos envolvidos.

Autoria: Samara Gabriela Leal França

Orientadora: Profª. Drª. Valéria Gil Condé

Drummond e as flores da resistência: campos léxico-semânticos na criação poética em sala de aula

Resumo: Esta dissertação de mestrado apresenta uma proposta de intervenção pedagógica de leitura e escrita de textos poéticos, realizada com duas turmas de 8º ano do ensino fundamental de uma escola da rede estadual de São Paulo. Consideramos que o ensino de língua portuguesa requer muito mais do que apenas a alfabetização para leitura e escrita, mas sobretudo o letramento, ou seja, a apropriação da língua materna pelos estudantes, de modo que interajam socialmente nos diversificados meios e contextos. Percebemos que os exames padronizados da educação básica brasileira, os quais intentam diagnosticar e avaliar o desempenho dos alunos no país, têm apresentado resultados insatisfatórios e decrescentes quanto mais avançado o nível de escolarização. Com isso, entendemos que seja necessária uma mudança quanto ao papel do professor de língua portuguesa, visto ainda como transmissor de regras gramaticais e conceitos normativos, sendo imprescindível que transforme suas aulas de modo a atrair os estudantes e interagir com os pressupostos e a realidade deles. Propusemos rodas de leitura, discussões e escrita em sala de aula, a fim de que os alunos pudessem não apenas analisar os poemas da obra A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade, selecionados de acordo com os campos léxico-semânticos do amor, morte, medo e sociedade; mas também que pudessem se tornar autores, criando coletivamente textos poéticos. Voltamos o processo de ensino-aprendizagem para o reconhecimento das experiências, valores e crenças dos estudantes, considerando os pressupostos individuais como basilares para a formação do leitor-autor crítico. Mostramos como se estrutura a autoria e a criação poética no processo de ensino-aprendizagem de língua materna através da análise dos campos léxico-semânticos das produções estudantis. Com a atividade proposta, pudemos valorizar a criticidade dos alunos em diálogo com a literatura. Por meio das escolhas lexicais e composição dos campos léxico-semânticos, os alunos puderam expressar sua subjetividade e percepção da sociedade.

Autoria: Katia Melo

Orientadora: Profª. Drª. Elis de Almeida Cardoso Caretta

Ensino-aprendizagem de PLE a alunos bolivianos nas escolas estaduais: uma proposta de ensino colaborativo com alunos dos Centros de Línguas

Resumo: Este trabalho investiga como a prática colaborativa no ensino-aprendizagem de línguas pode favorecer a interação entre alunos bolivianos de uma escola estadual e alunos brasileiros que estudam espanhol em um Centro de Línguas. A proposta do trabalho parte de uma atividade na qual os alunos, depois da leitura de relatos pessoais e discussões acerca da cultura de diferentes povos, trocam gravações de áudio, nas quais abordam questões culturais de seus países e/ou regiões. Intercambiadas as produções, os alunos propuseram sugestões e correções entre si, utilizando-se alternadamente do português e do espanhol na comunicação. O objetivo, além de estabelecer a comunicação efetiva entre os aprendizes, é estimular a prática oral da língua, favorecendo assim sua aprendizagem, como pressupõem os estudos de Castilho (2019) e Antunes (2009). Também os estudos de Figueiredo (2006) sobre a prática colaborativa no ensino de línguas e Durão (2004) sobre análise de erros fundamentam o trabalho. A aplicação da atividade demonstrou como tal interação entre os aprendizes facilita a aprendizagem, pois promove a reflexão sobre a língua, proporciona a troca cultural entre os dois grupos e favorece o resgate da identidade boliviana, assim como a valorização do idioma espanhol. As produções permitiram identificar os erros mais recorrentes e analisar como se constitui a Interlíngua dos alunos bolivianos, com o intuito de auxiliar o trabalho dos professores, oferecendo-lhes suporte pedagógico que lhes permita entender melhor o processo de ensino-aprendizagem de um novo idioma.

Autoria: Samira Possebon do Prado

Orientadora: Profª. Drª. Valéria Gil Condé

Retextualização de HQ: um projeto de intervenção no 6º ano

Resumo: Esta dissertação tem como objetivo analisar o resultado da produção de texto verbo-visual de alunos dos 6º anos da escola pública municipal de Mogi Guaçu, no interior do Estado de São Paulo. A leitura escolhida como ponto de partida foi o romance de suspense e mistério, A Ilha do Tesouro (1883), do escritor britânico Robert Louis Stevenson, adaptado por Andrew Harrar para HQ (2010) com desenhos de Richard Kohlrus. As atividades propostas estão incluídas no âmbito de um projeto didático interdisciplinar, envolvendo Arte, Matemática, Educação Física, Inglês, História, Geografia, Ciências. O foco do projeto de português é desenvolver com os alunos a retextualização do texto, considerando aspectos ligados ao momento histórico, geográfico, movimentação de corpo, simetria de espaço e de cores. As perguntas norteadoras da pesquisa são: Que elementos linguísticos e discursivos constroem a retextualização dos estudantes frente a uma das obras mais significativas da literatura infantil e juvenil? De que forma os estudantes transformam o texto adaptado para a HQ, atualizando seu sentido, na medida em que a história em quadrinhos se insere na cadeia narrativa com novos elementos da materialidade verbo-visual? O projeto foi organizado em cinco etapas: a) leitura/interpretação do texto fonte; b) produção textual; c) produção visual com uso de programas digitais nos celulares pessoais e computadores; d) produção final em grupo de cinco alunos; e) partilha entre os grupos. Partindo da concepção teórico-metodológica de Bakhtin (1997) e o Círculo (Volochinov, 2015), particularmente, os conceitos de "texto" e "gêneros do discurso"; e a conceituação de Brait quanto a "texto verbo-visual" (2015, p. 193-224), obtivemos os seguintes resultados: os alunos reconstroem o texto lido, segundo o ponto de vista deles, tornando-se protagonistas na produção escrita. A voz dos alunos ganha espaço, sendo materializada na produção verbo-visual. Na retomada do texto-base, o grupo 1 recupera partes do texto, com lacunas que favorecem a interação com o leitor e produzem o discurso polifônico; o grupo 2 utiliza a paráfrase na retextualização, com forte presença da voz do narrador; o grupo 3 inverte o protagonismo das personagens, destacando a imagem do pirata. O trabalho com o texto verbo-visual permite que os alunos se relacionem com diferentes formas de dizer, pois as imagens, cores e a escrita são constitutivas do sentido da narrativa. O romance do século XIX é ressignificado pela perspectiva dos alunos-autores do século XXI.

Autoria: Viviane Mendes Leite

Orientadora: Profª. Drª. Maria Inês Batista Campos

Leitura e escrita de poemas no Ensino Fundamental – anos finais

Resumo: Muitos alunos do Ensino Fundamental - Anos Finais apresentam insuficiência na formação leitora, principalmente a do texto literário. Para a maioria deles, o contato com obras literárias é limitado ao ambiente escolar. Surpreende constatar que o gênero poético, em muitos casos, não recebe a merecida atenção nesse nível de ensino. Todas essas reflexões, resultaram nas perguntas desta pesquisa e neste trabalho no Mestrado Profissional em rede Nacional Profletras / USP. Foi elaborada uma proposta de atividades didáticas, denominada Oficinas de poemas, baseada na proposta de Dolz e Sheneuwly (2004), voltada à leitura e escrita de poemas. O ponto inicial foi inserir os alunos no universo da poesia para fortalecer o letramento literário e estimular o gosto pelo poema e, assim, inspirada em Candido (2004), garantir "O direito à literatura"; o ponto de chegada volta-se à produção de textos poéticos como meio de expressão. O poema é apresentado como um gênero textual numa perspectiva dialógica, segundo Bakhtin (1997); com a presença do discurso reportado, segundo Faraco (2009); em que prevalece a função poética da linguagem conforme aponta Jakobson (1969) e que permite a leitura em rede, além da sequencial proposta por Jolibert (1994), não devendo servir de pretexto para o ensino de regras gramaticais. Como resultado, será apresentada a análise de exemplos do corpus gerado pela aplicação das atividades didáticas que ilustram ser possível ampliar, de forma significativa, o letramento literário e, ainda, motivar a produção de textos do gênero. Compreendemos o aluno como sujeito agente, conforme postula Bazerman (2011) e como sujeito participativo/colaborativo dos letramentos culturais (ROJO, 2012). O coroamento do projeto foi a apresentação da produção escrita dos alunos num E-book. Desse modo, será ampliada a circulação dos poemas para toda a comunidade escolar e, possivelmente, para outros setores da sociedade, cada vez mais digital.

Autoria: Luciana Taraborelli

Orientadora: Profª. Drª. Norma Seltzer Goldstein

A escrita de narrativas do jogo Escape Room como estratégia didática para o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental - Anos Finais

Resumo: Esta dissertação apresenta a pesquisa desenvolvida a partir de uma sequência didática que se utiliza do jogo "Escape Room" com uma turma de oitavo ano do Ensino Fundamental em uma escola pública da rede municipal de São Paulo. A proposta, elaborada de acordo com a perspectiva bakhtiniana de gênero do discurso, objetivou a escrita de textos do tipo narrativo, parte constituinte do jogo. A análise das produções textuais resultantes evidencia a falta de conhecimento de recursos coesivos na escrita, que é o foco do trabalho do professor nas aulas de língua portuguesa. Como procedimento metodológico opta-se pela pesquisa-ação, a partir das ideias de Thiollent (1986). Além disso, apresentam-se as contribuições teóricas sobre os gêneros do discurso de Voloshinov (2018) e Bakhtin (2016), os pressupostos teóricos sobre a leitura e letramentos de Petit (2008), Colomer (2007), Dussel (2009), Rezende (2018), Butlen (2015), Rojo (2005) e Bazerman (2011); a definição de jogos, games e gamificação pelas pesquisas de Huizinga (2000), Santaella et al. (2018), Salen e Zimmerman (2012), Nicholson (2015), Kaap (2012) e Jull (2019) e o estudo da estrutura da narrativa de Gancho (2002) e Adam (1997).

Autoria: Gisele Soares da Silva

Orientadora: Profª. Drª. Neide Luzia de Rezende

O narrador e as memórias de crescimento: quando os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II se tornam protagonistas de suas histórias

Resumo: Esta dissertação tem por objetivo a investigação a respeito de como o trabalho com a produção escrita de relatos pessoais, motivada pela leitura de textos literários, pode favorecer o desenvolvimento das habilidades escritoras de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II e também expor a função humanizadora que a leitura literária e a escrita podem exercer na escola. Serão apresentados, aqui, alguns dos caminhos percorridos pelos educandos no processo de reconhecimento de elementos que fortalecem a construção de identidades e reafirmam sua existência social. Para tanto, recorreu-se à leitura do livro Os da minha rua, do escritor angolano Ondjaki, cujos contos, embora retratem uma esfera sociocultural diferente daquela em que vivem esses mesmos educandos, permitem, por meio da linguagem e das experiências vividas pelos personagens, o estabelecimento de possíveis convergências. As ações metodológicas que viabilizam este estudo estão apresentadas em uma sequência didática dividida em cinco fases. As três primeiras contemplam os métodos de apresentação dos textos literários aos alunos; a produção de relatos de memórias, motivada pela leitura desses mesmos textos e as atividades de entrevista com outros alunos e familiares dos estudantes em questão. As duas últimas etapas referem-se à análise dos dados obtidos com os procedimentos de entrevista, à aplicação de propostas de interação e aos procedimentos de exposição dos textos dos alunos. O resultado desta investigação apresenta dois aspectos complementares, dos quais o primeiro está relacionado ao efetivo reconhecimento da função de autor e à promoção da figura do aluno-narrador, que, por meio da escrita de si em relatos de memórias, compartilha histórias pessoais. O segundo aspecto está ligado à compreensão de que o recurso a atividades que promovem a leitura literária facilita o desenvolvimento de aspectos afetivos e colabora na humanização nas relações escolares.

Autoria: Adriana Aparecida Moreira Carvalho Galvão

Orientador: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio

O conto maravilhoso de Colasanti: atividades de leitura e escrita em uma abordagem dialógica

Resumo: Michaelis (2019) define fome como "uma situação de escassez dos víveres; indigência, miséria, penúria, escassez de alimento, desejo ou necessidade urgente". Há uma grande e opressora 'fome' em nosso meio educacional: a falta de qualidade do ensino público e as dificuldades diárias refletem diretamente em limitações de nossa sociedade. O que falta? A própria fome. Fome de saber. Fome de ensinar. Fome de fazer. Fome de mudar. Fome de Ser. Nessa perspectiva, o trabalho aqui descrito parte da preocupação em ampliar o letramento de nossos alunos, despertando o interesse pelas leituras literárias e buscando aperfeiçoar a competência leitora e escritora dos estudantes, numa abordagem dialógica. O trabalho com o texto dentro das aulas de Língua Portuguesa é primordial. É a partir do empowerment throught literacy 'empoderamento' através do letramento defendido por Kleiman (2004)- que veremos de fato uma transformação de ordem social. A sequência de atividades que experimentamos em sala de aula, iniciou-se com leituras realizadas em uma sala de Sexto Ano do Ensino Fundamental - Anos Finais. Tivemos como base três contos maravilhosos da autora Marina Colasanti. O enredo inventivo e lúdico dos contos "Hora de Comer", "De nome Filhote" e "E eram tão pequenas", além de despertar o interesse dos jovens alunos, permitiu, também, estabelecer um paralelo entre os fatos reais e os fatos ficcionais presentes exclusivamente no universo literário. Após a leitura, ocorreu a produção textual pelos alunos, em duas versões, retomando as características do gênero estudado. Esperávamos que nossos alunos conseguissem apresentar em seus textos marcas de subjetividade e autoria, além da coerência e da coesão essenciais para um bom texto. Fundamentaram esta pesquisa BAKHTIN (2006), KLEIMAN (2004), MARCHUSCHI (2008), FRANCHI (2006), TODOROV (2010), entre outros. Observamos que, apesar de nem todos os alunos conseguirem produzir contos maravilhosos, muitos chegaram perto disso e criaram estruturas narrativas adequadas para sua série. Ademais, alguns textos apresentaram criatividade e potencial significativos.

Autoria: Marina Cristiane Archangelo

Orientadora: Profª. Drª. Norma Seltzer Goldstein

Os documentários nas aulas de Língua Portuguesa: uma proposta de trabalho para a produção e análise de textos multimodais

Resumo: Ler e escrever constituem-se a base do processo formativo das aulas de Língua Portuguesa. No entanto, tendo em vista profusão quantitativa e qualitativa dos diferentes tipos de textos aos quais os alunos podem ter acesso na atualidade, a leitura e a produção de textos nas aulas de Língua Portuguesa encontram os desafios constantes de adaptabilidade, contextualização e ressignificação crítica. Sendo assim, a presente pesquisa tem por proposta a produção e análise de documentários escolares, por meio do ensino-aprendizagem de gêneros textuais multimodais, no intuito de favorecer o multiletramento (COPE, KALANTIZIS, 2013 [1996], ROJO, 2013, 2015). Por objetivos específicos, intentamos desenvolver nos alunos as competências voltadas à produção de narrativas e à argumentação no gênero documentário, bem como propiciar que observem o continuum entre oralidade e a escrita na interface com a mídia digital, na produção do gênero proposto. O embasamento teórico faz-se a partir da concepção de texto de Marcuschi (2008), e do conceito de letramento com enfoque na natureza social da leitura e da escrita (SOARES, 2002; STREET, 2014). A pesquisa, realizada em contexto da sala de aula de Ensino Fundamental, de uma escola pública municipal de Campinas, São Paulo, insere-se no Programa Nacional de Mestrado Profissional em Letras, Profletras, e tem por metodologia a pesquisa-ação, proposta por Tripp (2005), Zeichner e Diniz-Pereira (2008), na qual o professor realiza uma intervenção de cunho teórico e prático, neste caso, um projeto interdisciplinar. Durante o desenvolvimento do projeto, os alunos foram orientados a abordar, em equipes, algum aspecto do tema: "Nossa escola, histórias de ontem e hoje" e documentar suas descobertas em vídeo, produzindo os documentários escolares. Como corpora para análise, observamos a produção discente nas etapas de elaboração de documentário (PUCCINI, 2012) na "pesquisa", no "relatório da entrevista", na elaboração escrita de um "roteiro para documentário" e na produção final de quatro documentários escolares. Por meio da tríade probatória fundamental proposta por Aristóteles e revisitada por Nichols (2016, p.99), analisamos a composição da argumentação nos documentários discentes e observamos a construção interligada do logos, pathos e ethos para a construção de efeitos "convincentes", "comoventes" e "críveis" no processo criativo de autoria. Tais estratégias colaboraram para a formação do ethos de "aluno-pesquisador" e "aluno-protagonista". Dessa forma, a utilização de mídia digital possibilitou o trabalho com diferentes linguagens e coloca-se como desafio contemporâneo para professores e alunos nas aulas de Língua Portuguesa.

Autoria: Gisane Márcia Carvalho Dinnouti

Orientadora: Profª. Drª. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

Narrativas e (Re)significações: uma via de humanização escolar

Resumo: O presente estudo tenciona perseguir e adaptar uma específica via metodológica, o LabLei, para o trato com o texto artístico literário narrativo na sala de aula, lançando bases para uma tentativa de implementação de um movimento de humanização no ambiente escolar. Por uma perspectiva mais objetiva, tenciona-se alargar os horizontes humanísticos dos alunos envolvidos através da realização de uma intervenção pedagógica que, além de um mero exercício intelectual, promova uma possibilidade de reflexão através do texto não como objeto escolarizado, mas como objeto artístico, em torno de questões humanas em suas dimensões afetivas, intelectivas e volitivas, contribuindo para o autoconhecimento e o conhecimento do outro. Ao final de todo um percurso pedagógico e reflexivo, pôde-se constatar que o uso da leitura literária de textos narrativos é eficaz para o trato com a humanização em suas perspectivas relativas à significação e/ou simbolização, memória, empatia, fruição, abertura valorativa, empoderamento, legitimação, etc. Em termos gerais, o presente estudo trata da investigação e estabelecimento de uma via, dentre muitas outras, para o tão necessário movimento de humanização da instituição escolar.

Autoria: Luciana de Paula

Orientadora: Profª. Drª. Maria Zilda da Cunha

 

Ingressantes em 2019

Argumentação em comentários on-line: uma proposta de escrita para o 9º ano

Resumo: A atividade de produção escrita nas aulas de português tem se transformado com as novas práticas digitais. Nesta dissertação, partimos da concepção teórico-metodológica de Bakhtin (2019) e o Círculo (VOLÓCHINOV, 2018), que definem os gêneros do discurso como "tipos relativamente estáveis de enunciado" que devem ser entendidos dentro de um contexto enunciativo-discursivo; tomou-se, como fundamentação, os conceitos de tecnogêneros e de comentário de Paveau (2015, 2017). A autora define tecnogêneros como textos oriundos de ambientes on-line que possuem tecnologias tecnolinguageiras, e o comentário como um texto produzido em ambientes digitais em espaços materialmente dedicados. Ao relacionar as teorias dos gêneros discursivos com os gêneros nativos digitais, retomamos a posição de Rojo (2012; 2013; 2019), que articula as práticas de linguagem com o funcionamento das esferas digitais, de modo a intervir nas propostas didáticas. A composição da proposta partiu da leitura de uma reportagem como texto norteador para a produção de comentários on-line (em Google Docs), realizados, simultaneamente, por três turmas do 9º ano durante uma semana do mês de setembro de 2019, momento dos incêndios ocorridos na Amazônia e no Pantanal. A importância da escolha do gênero comentário on-line se deve pelo posicionamento que assume o comentador diante do texto-fonte, um procedimento dialógico. Nesse espaço discursivo, é possível recuperar o modo como os alunos retomam o texto-fonte e assumem um ponto de vista, expressando a relação ativa entre enunciados (VOLÓCHINOV, 2018). Para compor o corpus desta dissertação, selecionamos 24 de 57 comentários escritos por alunos que participaram de, pelo menos, três das cinco aulas em que as atividades foram desenvolvidas, os quais retomam o texto-fonte e apresentam marcas enunciativas que colaborem para o desenvolvimento e defesa de um ponto de vista. Os resultados obtidos apontam que os comentadores assumem um posicionamento diante do texto-fonte, utilizando-se de um procedimento dialógico, retomando-o por meio de citações e paráfrases, e usando estratégias argumentativas. Diante disso, assinalamos a importância da abordagem de tecnogêneros nas aulas de língua portuguesa, numa perspectiva de trabalho que considere as particularidades dos gêneros nativos digitais, de modo a contemplar, na escola, as práticas linguísticas contemporâneas.

Autoria: Jéssica de Lima Mosca 

Orientadora: Profª. Drª. Maria Inês Batista Campos

A tecnologia digital no ensino de língua portuguesa: proposta didática de produção de curtas-metragens a partir de canções

Resumo: Este trabalho de pesquisa consiste no desenvolvimento de uma proposta didática para a criação de curtas-metragens, a partir de canções do cantor e compositor brasileiro, Adoniran Barbosa. Foi desenvolvido com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, na EMEB Jorge Bierrenbach de Castro, no município de Valinhos, interior de São Paulo. Justifica-se pela necessidade de inserir, nas aulas de Língua Portuguesa, práticas linguísticas mais próximas do cotidiano dos jovens. Essa necessidade é apontada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), responsável por oferecer diretrizes ao ensino, no país. A abordagem dada ao gênero canção, aos roteiros para a produção audiovisual e aos curtas-metragens, produzidos pelos alunos, fundamenta-se na teoria dos gêneros do discurso, proposta pelos teóricos russos do Círculo de Bakhtin. Já a proposta didática apresentada está fundamentada nas teorias sócio-históricas de Vygotsky e na relação entre a leitura e o mundo, disseminada por Paulo Freire. Na esteira desses autores, que consideram a mediação e a interação no fazer pedagógico como fundamentais para a constituição dos processos educativos, a professora-pesquisadora desenvolveu sua proposta de intervenção pedagógica. O objetivo da pesquisa foi investigar de que forma a produção de curtas-metragens, a partir de canções, pode possibilitar a autoria e o protagonismo digital, nos alunos do 9º ano do ensino fundamental. Como resultados da pesquisa e da intervenção pedagógica, tivemos os roteiros e vídeos produzidos pelos alunos, tendo como mote as canções de Adoniran Barbosa. Os materiais apresentados ao final do trabalho constituem-se de produtos autorais, desenvolvidos a partir do trabalho em grupos, em situações que promoveram o exercício do protagonismo. Diante disso, os resultados da pesquisa assinalam a necessidade e a importância da inserção dos gêneros digitais no ensino de Língua Portuguesa, numa perspectiva de trabalho com a multimodalidade, multissemiose e os multiletramentos, de modo a contemplar, na escola, as práticas linguísticas contemporâneas, cada vez mais mediadas pelas tecnologias.

Autoria: Regislene Dias de Almeida

Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena da Nóbrega

Autoria na escrita colaborativa de alunos concluintes do Ensino Fundamental

Resumo: A necessidade de ensinar o aluno a posicionar-se de maneira fundamentada e acessível diante do mundo motivou este trabalho. Trata-se de reflexão sobre uma proposta de atividades aplicada ao 9º ano do Ensino Fundamental, trabalhando o gênero artigo de opinião e articulada a um projeto mais abrangente, o Trabalho Colaborativo de Autoria (TCA), requisito para a conclusão do Ciclo Autoral (7º a 9º ano). Esta é uma possível resposta ao problema da pesquisa, que buscava alternativas para contribuir com o aprendizado da escrita colaborativa, com o intuito de oferecer aos alunos uma oportunidade de vivenciar a agência no processo de construção da autoria. Os pressupostos teóricos para a análise vieram de Miller (2012), Bazerman (2006, 2007, 2009), Maingueneau (2010), Possenti (2001, 2002, 2013) e Bezerra (2011, 2017). O trabalho de Maingueneau (2010) possibilitou identificar um ponto de partida para a abordagem do conceito de autoria, buscando uma relação com a sala de aula. Para a metodologia e a elaboração das atividades, partiu-se das contribuições de Bazerman (2006, 2007, 2009), Torres e Irala (2015) e Torres, Alcantara e Irala (2004). Para a análise dos indícios de autoria, as bases foram reflexões de Possenti (2001, 2002, 2013) e as categorias descritas por Mendonça (2016) e Fiad (2008). O corpus da pesquisa são os artigos de opinião escritos pelos alunos como parte dos trabalhos desenvolvidos no TCA, que envolveu outros gêneros: memorial (História), entrevista (Geografia), gráfico (Matemática), história em quadrinhos no livro 3-D (Artes), roteiro de vídeo (Redação) e vídeo (Informática), configurando uma cadeia de gêneros (BEZERRA, 2011). O livro 3-D foi particularmente importante para a inclusão dos alunos com necessidades especiais, que partiram desse suporte para criar seus vídeos, produto final. Como o corpus de análise foi produzido por indivíduos em formação, a autoria será analisada em seu processo de desenvolvimento. A análise ocorreu com base em categorias definidas quanto à presença e à identificação das vozes, ao uso das informações e ao grau de envolvimento na escrita, aliadas às questões de coerência relativas a continuidade, progressão, não contradição e articulação, que tiveram como base os estudos de Cavalcante (2020). Este trabalho apresenta a proposta de atividades em etapas, tendo como objeto de análise a autoria em desenvolvimento nessas produções, seguindo o entendimento de Possenti (2001, 2002, 2013). Após as análises, foi possível constatar que o trabalho coletivo permite o desenvolvimento da autoria, bem como o posicionamento diante do outro.

Autoria: Juliana Maria Mendes

Orientadora: Profª. Drª. Ana Elvira Luciano Gebara

A produção da narrativa transmídia no ensino de língua portuguesa para o nono ano

Resumo: O ensino sobre a cultura digital e as novas mídias é necessário para o exercício pleno da cidadania, necessidade corroborada nos documentos oficiais que preconizam os conteúdos mínimos que os estudantes devem aprender, como o Currículo da Cidade de São Paulo e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A aplicação pedagógica da Narrativa Transmídia é uma maneira de integrar esses conhecimentos sobre a cultura digital e as novas mídias, de modo significativo, ao ensino de língua portuguesa. A Narrativa Transmídia, segundo Jenkins (2009), é uma história contada por meio de várias mídias e plataformas, de modo que cada uma apresente determinada parte da história. O objetivo geral desta pesquisa é desenvolver um conjunto de atividades para a composição da estrutura de uma Narrativa Transmídia para ser usada em diferentes contextos e para a abordagem de variados temas no ensino de língua portuguesa, com vistas à formação de cidadãos críticos. Por meio da ação pedagógica que resultou na Narrativa Transmídia produzida por estudantes de uma turma de nono ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Senador Luís Carlos Prestes, na cidade de São Paulo, SP, e com o uso da metodologia de pesquisa-ação, procedeu-se à análise da participação dos alunos durante o processo e dos aspectos textuais-discursivos, linguísticos (verbais e multimodais) e digitais da Narrativa Transmídia produzida. A fundamentação teórico-metodológica ancora-se no conceito de Multiletramentos proposto pelo New London Group (1996), defendido por Rojo e Moura (2012), e nas competências que integram os letramentos transmídia, propostos por Scolari (2018). Os conceitos acerca da tipologia textual narrativa têm como base Adam (2019), autor que fundamenta as análises textuais-discursivas juntamente com os estudos do Círculo de Bakhtin (2016), também abordados por Faraco (2009). Os conceitos de protagonismo juvenil são baseados em Costa (2000; 2007) e Ezcámez e Gil (2003) e se relacionam ao conceito de autoria proposto por Possenti (2002). A relação entre a produção de uma Narrativa Transmídia e a educação é abordada também com base nos estudos de Bruner (1991; 1997; 2014) e Almeida e Valente (2012; 2014). Os resultados indicam que a aplicação pedagógica da Narrativa Transmídia no nono ano do Ensino Fundamental II, além de atender aos preceitos da BNCC, constitui uma ação eficaz para o desenvolvimento de habilidades relacionadas aos Multiletramentos, bem como ao ensino de língua portuguesa, integrando atividades de escrita e leitura de textos multimodais. A criação e produção coletiva e colaborativa da Narrativa Transmídia possibilita também motivação e participação dos estudantes - que se tornam protagonistas de seu aprendizado e autores de suas próprias histórias. Os resultados dos trabalhos podem ser observados no link: https://tinyurl.com/pxzbdaa8 e o resumo em vídeo pode ser acessado em: https://tinyurl.com/yrkdsfej.

Autoria: Barbara Falcão

Orientadora: Profª. Drª. Ana Lúcia Tinoco Cabral

Produção de anúncio publicitário institucional no Ensino Fundamental: argumentação, persuasão e interação

Resumo: Não é de hoje que a formação de alunos críticos e autônomos tem sido uma meta insistentemente perseguida na conquista de uma Educação de qualidade. Buscando contribuir com esse intento, a metodologia do presente trabalho estrutura-se em uma pesquisa-ação para investigar e aprimorar a capacidade argumentativa/persuasiva de alunos do Ensino Fundamental - Anos Finais da rede pública paulista. Tendo como propósito a formação de alunos reflexivos e atuantes na comunidade em que estão inseridos, uma sequência de atividades foi aplicada em duas turmas de estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental da E. E. Euclides da Cunha. Organizadas com foco em práticas de compreensão e de produção de anúncios publicitários institucionais, as situações de aprendizagem tiveram como propósito a identificação e apropriação de mecanismos linguísticos de convencimento com o intuito de produzir uma campanha para arrecadação lacres e tampinhas a um asilo da cidade. Em consonância com os documentos oficiais, nosso estudo enfatiza o necessário trabalho com os gêneros nos campos jornalístico-midiático e de atuação na vida pública, uma vez que a BNCC (2017) os considera "privilegiados, com foco em estratégias linguístico-discursivas e semióticas voltadas para a argumentação e persuasão". O aporte teórico, dentre outros, fundamenta-se na concepção de gêneros discursivos em Bakhtin (2016) que os define como "tipos relativamente estáveis de enunciados". A dimensão verbo-visual fundamenta-se em Brait (2010) ao se referir a ela como forma de "constituição de sujeitos e identidades" e em Discini (2005) sobre o conceito de texto sincrético. A argumentação e a persuasão são apresentadas com base em Citelli (2012, 2016) como elemento "colado ao discurso como a pele ao corpo"; em Fiorin (2015) quando afirma que "todo discurso tem uma dimensão argumentativa" e em Amossy (2018) ao abordar a "concepção de um continuum que apresenta modalidades argumentativas diversas". Em nosso trabalho, a interação discursiva é entendida, sob a perspectiva bakhtiniana, como um acontecimento social "que ocorre por meio de um ou de vários enunciados". Os expedientes persuasivos relacionados à intertextualidade e à interdiscursividade estão fundamentados em Fiorin (2006) e Koch (2011). A produção textual, apoiada em procedimentos epilinguísticos, retoma Goldstein et alii (2009) e Franchi (2006). Dentre os 52 alunos que participaram de todas as etapas, selecionamos oito produções discentes para a análise, sendo quatro versões iniciais e quatro finais. Os resultados obtidos apontam o engajamento dos alunos ao se posicionarem como protagonistas na campanha em prol do asilo. Em relação às produções textuais, é notável a melhoria na compreensão e na assimilação de estratégias de convencimento na produção discente.

Autoria: Adriano Donizeti Domingos do Nascimento

Orientadora: Profª. Drª. Norma Seltzer Goldstein

Resenha crítica de canções: análise da escolha lexical como estratégia argumentativa

Resumo: Esta pesquisa tem o objetivo de apresentar como proposta didática a produção de uma resenha crítica de canções, em Língua Portuguesa, para o 8º ano do ensino fundamental, valendo-se da análise da escolha lexical como estratégia argumentativa, além de analisar os resultados das produções textuais escritas pelos alunos. A partir de um projeto de rádio na escola onde esta pesquisa foi aplicada, objetiva-se aproximar as atividades da vida escolar com o ensino de língua portuguesa, tornando-o contextualizado e significativo. A opção por trabalhar em sala de aula com o gênero resenha crítica de canções possibilitou aos estudantes dialogarem entre si e argumentarem acerca de suas preferências musicais, além de serem apresentados a algumas canções reconhecidas no cânone brasileiro. Os aportes teóricos para este trabalho centram-se nas contribuições sobre a concepção de língua como atividade social (CASTILHO, 1994); sobre os gêneros como organizadores da atividade discursiva (BAKHTIN, 2011); e sobre os elementos que compõem uma resenha crítica (ANDRADE, 2006); (MACHADO; LOUSADA; ABREU-TARDELLI, 2004); (MOTTA-ROTH; HEDGES, (2010). Em relação ao trabalho em sala de aula, recorremos a Antunes (2009; 2012) para orientar o ensino do léxico, a Koch e Elias (2012) para o ensino do texto, e a Dolz; Noverraz; Schnuewly (2004) para a organização modular da sequência de atividades. Espera-se que os alunos participantes desta pesquisa estejam aptos a analisar as relações de sentido presentes em letras de canções, a relacioná-las aos seus aspectos multimodais e a empregar adequadamente o léxico, a fim de produzir uma resenha crítica de canções.

Autoria: Rubens Pereira da Silva Alves

Orientadora: Profª. Drª. Elis de Almeida Cardoso Caretta

 

Ingressantes em 2021

Artigo de divulgação científica: uma proposta didática de língua portuguesa

RESUMO: A divulgação do conhecimento científico contribui sobremaneira para que as pessoas tenham melhores condições de vida. Para tanto, o domínio da linguagem implicada na divulgação científica favorece a ampliação do acesso e compreensão do conhecimento científico. A escola, por sua vez, se configura como o lugar de desenvolvimento da linguagem, inclusive com o estudo de gêneros da divulgação científica. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa é apresentar uma proposta didática de língua portuguesa em torno do gênero artigo de divulgação científica para estudantes do nono ano do ensino fundamental. Para elaboração da proposta didática foram considerados três percursos, pelos quais, concomitantemente, a divulgação científica chega às salas de aula: um percurso teórico, um percurso pedagógico e um percurso prático. No percurso teórico, apresenta-se a concepção de gênero discursivo, concebido na perspectiva de Bakhtin (2016) como um tipo relativamente estável de enunciado, por meio do qual o emprego da língua se efetua e permeia todos os diversos campos da atividade humana. Apresenta-se também, a concepção de divulgação científica como uma modalidade particular de relação dialógica, de acordo com Grillo (2013). Ainda nesse percurso, são apresentadas questões de linguagem referentes à divulgação científica, a voz do cientista e os elementos didatizantes de Leibruder (2003) e elementos da dimensão verbo-visual, de Brait (2013). O percurso pedagógico trata da análise de materiais e procedimentos que atuam de forma articulada nas salas de aula, na perspectiva do currículo em processo, de Sacristán (2017). Foram considerados para análise, o documento curricular vigente no país, Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), um capítulo do livro didático de língua portuguesa Se liga na língua (ORMUNDO; SINISCALCHI, 2018), aprovado no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD/2020), o procedimento de sequência didática, proposto por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) e os projetos de trabalho, de Hernández (1998). O percurso prático se refere à apresentação da proposta didática, A ciência dos super-heróis, cujo tema é a divulgação dos resultados de uma pesquisa científica realizada por estudantes acerca da reprodução e utilidade de superpoderes na vida real. A proposta é constituída de três etapas: 1) pesquisa científica; 2) estudos do gênero artigo de divulgação científica e 3) produção e divulgação do conhecimento. Como resultado foi possível elaborar uma proposta de ensino de língua portuguesa em relação com a vida, em que os próprios estudantes protagonizam uma pesquisa científica e divulgam seus resultados. Constatou-se que, além de contribuir para o ensino da língua, essa proposta didática amplia o acesso dos estudantes ao conhecimento científico, contribuindo para valorização da ciência.

 

Autoria: Vanessa dos Santos Araujo

Orientadora: Profª. Drª. Valéria Gil Condé

 

 

Leitura subjetiva e diários de leitura no Ensino Fundamental II: uma experiência com Os da minha rua, de Ondjaki

RESUMOEsta dissertação, fruto de uma pesquisa-ação realizada no âmbito do PROFLETRAS, está fundamentada na comunhão entre teoria e prática. Propomos, inicialmente, uma investigação das relações entre literatura e educação e de possíveis didáticas da literatura que garantam o efetivo engajamento de estudantes do Ensino Fundamental II no processo educativo. Em seguida, apresentamos uma experiência pedagógica de leitura do livro de contos Os da minha rua, do escritor angolano Ondjaki, realizada em 2019, com 30 estudantes do 9º ano de uma escola da rede pública estadual da periferia da cidade de São Paulo. Do ponto de vista teórico-metodológico, baseamo-nos na formulação de literatura como um direito humano, conforme Candido (2004); na noção de experiência de Bondía (2002); nos estudos de Petit (2010) e nas propostas metodológicas de Rouxel (2013a), relacionadas à didática da leitura literária a partir do favorecimento da expressão da subjetividade do leitor pelos registros em um diário de leitura - a chamada didática da implicação. A Lei nº 10.639/2003 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (2004) também são referências para esta pesquisa, pois entendemos que o(a) professor(a) de Português deve eleger, em seu trabalho de curadoria, obras literárias não-canônicas e anti-hegemônicas, que abarquem a diversidade da produção literária e não reforcem os sistemas de dominação existentes (hooks, 2017). Os resultados obtidos indicam que a experiência de leitura dos contos da obra de Ondjaki, paralelamente à escrita do diário de leitura, entre outros aspectos, i) colaborou para desconstruir ideias pré-concebidas dos estudantes acerca da África, mais precisamente Angola; ii) povoou o imaginário de alunos e alunas com elementos oriundos das narrativas; e iii) contribuiu para o desenvolvimento das competências leitoras dos discentes. Avaliamos positivamente a promoção da leitura subjetiva na didática da leitura literária, entretanto, concluímos que uma experiência nesses moldes, ainda que bem-sucedida, não é capaz, sozinha, de garantir a formação dos estudantes como leitores literários. Portanto, faz-se necessário o empenho da instituição escolar e/ou da rede de ensino que deseja contribuir efetivamente para a promoção da cultura literária de seus alunos e alunas.

 

Autoria: Julia dos Santos Mateus

Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin